O CAM e o MUSEU: uma cajadada, dois coelhos

 

 

“a gente não quer só comida
a gente quer comida, diversão e arte.
a gente não quer só comida,
a gente quer saída para qualquer parte”.

 Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito

 

Sempre acho meio ridículo quando as pessoas ficam alardeando os seus feitos, sejam pequenos ou grandes, no entanto as circunstâncias muitas vezes nos obrigam. Em março de 2003, tão logo assumi a Secretaria de Governo, dentre as várias iniciativas que tomei, uma delas foi a de visitar as obras inacabadas que tínhamos em Dourados, fossem elas do próprio município, do estado ou federais. Achava um absurdo ver tantas obras importantes abandonadas. Dentre elas estavam o Hospital Universitário, o esqueleto onde seria a Câmara Municipal, o Parque Arnulfo Fioravante e o Centro Administrativo de Dourados, o CAM, próximo ao Estádio Douradão.

Falemos do CAM. Um funcionário solitário que tomava conta do local levou-me a conhecer a obra. Andamos por tudo quanto é canto e fui avaliando a situação. Ato seguinte, tomei conhecimento do projeto arquitetônico completo da obra, dos recursos que haviam sido investidos no local, procurei me informar sobre a sua história, inclusive com a suspeita de provável malversação das aplicações.

Confesso que a situação não era muito animadora, mas, após cuidadosa avaliação dos prós e contras, levando em consideração principalmente a recuperação de um patrimônio público que estava se deteriorando e a economia que o município faria em aluguéis, tomei uma decisão: levar o prefeito Tetila ao local para discutir a situação no local.

 Tetila tinha o hábito de sair aos domingos, pela manhã, para vistoriar obras, conhecer problemas dos bairros, enfim, conhecer a realidade que administrava. Eu, que muitas vezes o acompanhara, como líder do governo na Câmara, não tive dificuldades em levá-lo a visitar o CAM em um desses domingos. Novamente o guarda do local nos acompanhou. Não foi preciso convencer o prefeito Tetila  pois a retomada daquela obra que estava parada há mais de 6 anos já era plano seu.

Passo seguinte foi levar o Secretário de Finanças ao local. Também não foi preciso convencer o saudoso Alaércio Abraão. Ele tinha a convicção de que uma obra que tinha custado tanto aos cofres públicos não poderia ficar abandonada.

A questão passou a ser técnico-jurídica e financeira. Técnico-jurídica devido às inúmeras pendências e financeira porque Dourados não consegue investir devido à monstruosa dívida que consome receitas como o Gargantua de Rabelais, personagem insaciável.

As questões jurídicas foram resolvidas por acordo judicial entre a Construtora e a Prefeitura depois de um esforço concentrado da equipe da Procuradoria do Município, com a coordenação da  Dra. Jovina Nevoletti. A questão financeira foi resolvida pela equipe do Dr. Alaércio Abraão, depois de muito esforço no convencimento dos brasilienses que coordenavam a aplicação de um recurso aprovado pela Câmara em 2002, graças aos votos da bancada governista e mais o voto do vereador Gabiatti que, mesmo sendo dos quadros da oposição foi favorável ao Projeto.

As obras foram retomadas, novos problemas evidentemente surgiram, mas foram sendo resolvidos pelas novas equipes que Tetila montou em seu segundo mandato e neste início de fevereiro de 2006, não obstante o atraso, a obra está pronta para receber cerca de quatrocentos funcionários e o próprio gabinete do prefeito.

Quanto ao museu, as discussões foram encaminhadas desde a retomada das obras do CAM, entre o prefeito, a coordenadora de cultura e eu. Lelian Paschoalicke, Tetila e eu estávamos de acordo em transformar o casarão da rua João Rosa Góes, que seria desocupado,  em Museu Municipal e Arquivo Público Municipal.

CAM e Museu são sonhos realizados. Dois coelhos com uma só cachadada. É claro que nem tudo saiu exatamente como idealizáramos, mas paciência, as visões sobre administração pública diferem muito. O Arquivo Público um dia ainda sairá, provavelmente onde funcionava  a Procuradoria do Município, no mesmo casarão.

* seus comentários são bem vindos pelo site www.biasotto.com.br

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br