Fábulas italianas: homem que deu a alma ao diabo

 

Wilson Valentim Biasotto*

 

Um homem alimentava a sua família com a atividade de pescador. Belo dia estava ele a pescar e não conseguiu pegar absolutamente nada. Tantas vezes lançou a rede e ela voltou vazia que o homem foi se desesperando. Pensava na família que deixara sem nada para comer. Implorou a todos os santos que conhecia e não obteve resposta satisfatória; apelou então para o diabo. Se enchesse a rede daria a alma para o diabo.

Lançou a rede e retirou-a cheia de peixes. A família fartou-se.

Passado uns tempos o homem começou a ficar triste, tão triste que a mulher obrigou-o a contar a história toda. O dia que prometera a alma para o diabo estava próximo e ele não tinha mais nada a fazer se não se arrepender de ter feito aquilo.

A mulher, querendo ser muito esperta, tranqüilizou o marido. Pediu-lhe ela que abrisse um buraco na sala e que quando o diabo chegasse ele se meteria lá e ela faria o resto.

Dito e feito, no dia combinado o diabo bateu à porte. O marido enfiou-se no esconderijo e a mulher, depois de tampar bem buraco, deixando apenas um pequeno orifício para que ele respirasse, atendeu.

O diabo, que estava disfarçado em um moço, perguntou se o marido dela estava, ao que imediatamente a mulher respondeu que não esperando que o visitante indesejável fosse logo embora.

As coisas, entretanto, não saíram exatamente como a mulher havia previsto. O moço, diabo, puxou uma cadeira, sentou-se, e dizendo que esperaria um pouco coincidiu de botar o pé bem em cima do buraco que servia de respiradouro para o homem que lhe prometera a alma.

Sem ar o homem faleceu e a conclusão a que se chega é que não devemos brincar com fogo se não quisermos correr o risco de sairmos chamuscados.

 *O autor é doutor em História Social

pela USP e diretor do CEUD/UFMS

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br