Wilson Valentim Biasotto*
20-jul-97
Com o exemplo da polícia militar mineira, que entrou em greve recentemente, vários outros Estados brasileiros tiveram que enfrentar situações inusitadas nos últimos dias com as suas polícias. Em Alagoas a situação é tão grave que provocou a queda do próprio governador, embora a mídia nacional, em sua esmagadora maioria, insista em minimizá-la, seduzida que está pelas reformas neoliberais do governo FHC. Sem contar que esclarecer devidamente os fatos desnudaria a farsa collor(ida) montada especialmente pela Globo: Não era de Alagoas que vinha o caçador de marajás? O redentor dos sofrimentos do povo brasileiro?
Por essas e outras Alagoas devia ter sofrido uma intervenção federal. O governo FHC só não o fez porque havendo intervenção em algum Estado da federação o Congresso não pode votar reformas constitucionais, o que teria colocado em risco a reeleição e, por via de conseqüência, o plano do atual governo de permanecer 20 anos no poder. E, se agora, após a ascensão do vice governador, o governo federal faz uma intervenção branca em Alagoas, é para continuar com as reformas constitucionais, porque na verdade, uma intervenção séria era inevitável.
Penso que os Estados, na situação de Alagoas, precisam ser pensados com mais seriedade. Não é possível que arrecadem tão pouco. Não é possível que gastem tão inadequadamente os seus recursos. Parece-me que em épocas de mutação, que trazem o surgimento dos bichos chupa-cabras, pode estar havendo também o aparecimento da espécie homem-gafanhoto (ou homem-politico-gafanhoto), que provoca destruição total por onde passa..
Três anos sem reajustes salariais para o funcionalismo público federal, num quadro inflacionário que beira os 65% ao longo do plano real, poderá levar brevemente o próprio exército a manifestações análogas a das polícias militares. E então, quem poderá salvar-nos?
Não criemos pânico. Qualquer exército do Grupo dos 7, especialmente o dos Estados Unidos, estará pronto a nos ajudar nessa época de globalização neoliberal. Em dois ou três dias os nossos poderosos aliados se colocarão diante dos soldados tupiniquins e, da mesma forma que o exército conteve os policiais militares, as forças estrangeiras garantirão a nossa paz.
Particularmente faço um “mea culpa”: sabendo que o salário dos soldados é indigno, sabendo que o dinheiro público está sendo malversado, sabendo que diante desse quadro é de se esperar a vigência da corrupção no seio das corporações militares, calei-me e, se alguma coisa fiz para reverter isso, foi pouco. E não me serve de consolo saber que boa parte da sociedade fez menos ainda.
*O autor é doutor em História Social pela
USP e diretor do CEUD/UFMS
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.