Wilson Valentim Biasotto*
Não é a primeira vez que me acontece de ler uma crônica da Folha de São Paulo sobre uma questão que havia comentado num dia antes e que só não escrevera sobre ela pelas minhas limitações de tempo. Muitas vezes essa coincidência deve-se ao fato de se tratar de assuntos quentes.
Ainda nesse último domingo Clóvis Rossi, sob o título “A pátria financeira” tratou sobre a eleição para presidente com impressionante semelhança com o que eu havia dito numa roda de amigos.
A idéia central é que se Lula “ganhar, ou mesmo ameaçar ganhar”, poderá haver uma fuga espetacular de capitais. Se essa possibilidade se concretizar, Lula teria que dizer que “não mexeria no câmbio nem nos juros” para acalmar os investidores e, assim, seria tão FHC quanto FHC. Para Rossi, dessa forma, entre o original e a cópia, a tendência é de que se vote no original. Conclui avaliando que o processo democrático de escolha praticamente não existe e pergunta se “não seria mais fácil limitar o direito de voto apenas aos jogadores do tal de mercado?”
Essa é a questão. Procura-se passar a idéia de que não há nenhuma luz; prevalece a hegemonia do discurso único de que a globalização neoliberal é irreversível.
Por isso se ouve muitas pessoas dizerem que, apesar do comércio, indústria e agricultura estarem na bacia das almas, não têm outra alternativa que não seja FHC. Gente falida, gente que perdeu tudo o que tinha devido ao Plano Real, não vê saída para a crise.
E se FHC ganhar, qual a garantia que teremos de que o capital não migrará para outros países? Quantas estatais FHC tem ainda para vender? Quantos bilhões levantará e por quantos anos, para sustentar sua política? Quantas universidades públicas serão sucateadas para saciar a voracidade dos nossos credores? E, ademais, Lula, ou alguém de esquerda, ganhou por acaso na Tailândia ou na Indonésia?
Será muito bom para todos nós se a sociedade brasileira conseguir, nesse ano eleitoral, aprofundar o debate sobre essas questões, principalmente sobre a globalização neoliberal .
Particularmente estou otimista: quanto mais abrangente for a globalização neoliberal tanto mais rapidamente ela gerará as contradições para a mudança. Haja vista que os países europeus, após uma rápida onda neoliberal voltam suas preocupações para o estado de bem estar social e os que insistiram na sua manutenção quebraram ou empobreceram, com enorme sacrifício para o povo.
A espécie humana é muito criativa, haveremos de não nos permitir, no limiar do terceiro milênio, repetir os poetas do final da Idade Média, como Meschinot, que se lamentava dizendo: “o miserable et très dolente vie!” (Ó vida miserável e tristíssima).
O autor e doutor em História Social
pela USP e diretor do CEUD/UFMS
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.