Wilson Valentim Biasotto *
22.05.98
No dia 19 de maio deste, mais de mil prefeitos são barrados em Brasília.
Dia 20, a Record, a Globo e a Globo News foram unânimes em afirmar, antecipando as palavras do presidente, que o protesto em Brasília contra o desemprego foi obra de baderneiros. Por sua vez, o presidente em exercício, menos dotado para as dissimulações, foi mais objetivo ao declarar que o governo agiria dentro da lei e da ordem.
Em 21 de maio, dois dias depois da porta na cara nos prefeitos e um dia após a “baderna” dos desempregados, a Bandeirantes mostra uma cena impressionante. Integrantes do MST, saqueiam vários caminhões de alimentos e levam para o acampamento. A polícia chega, toma posição de tiro, chega mesmo a atirar para o alto. Os sem terra avançam com os seus facões, foices e machados. Estremeci no sofá, mas a polícia recuou e fugiu, enquanto a cena é cortada para uma possível comemoração dos saqueadores.
Voltemos no tempo: 1350, acontece na França a Jacquerie, denominação que a nobreza atribuía aos camponeses, embora essa revolta social tivesse características rurais e urbana. A nobreza francesa, apesar de derrotas iniciais venceu os Jacques matando 20 mil camponeses.
1381, na Inglaterra, os camponeses marcham sobre Londres após tomarem Essex e Kent. O rei os recebe e lhes promete melhorias. Enquanto os confiantes camponeses voltam para as suas plantações, os nobres formam um exército, sufocam a revolta, e executam os seus líderes.
São revoltas de fome. Nada muito organizado. Coisas vulgares, de pobres! Busca da satisfação de necessidades primárias, como encher a barriga com alguma coisa que evite os rugidos dos gazes nas tripas vazias.
Paremos com esses exemplos medievais. Pobres reis! Pobre nobreza! Não tinham inventando ainda as viagens internacionais e os títulos de doutor honoris causa para resolverem os problemas de seus reinos.
De qualquer forma parabéns a essa guarnição militar que praticou o ato heróico de fugir, talvez por compreender que as pessoas daquele acampamento que praticaram o saque não são bandidos fora da lei, mas gente que têm consciência política de sua pobreza e se abriga sob a bandeira do MST porque ela lhe dá a dignidade que tem sido negada pelo estado organizado.
O autor e doutor em História Social
pela USP e diretor do CEUD/UFMS
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.