Para não dizer que não falei da Copa

 

     Wilson Valentim Biasotto *

 (não encaminhado para publicação)

 

Ao renovar a assinatura deste jornal foi me oferecido um pacote com quatro livros de Machado de Assis. Comprei-os com gosto, pensando nos filhos e sobrinhos, mas eu é que acabei lendo ou relendo-os uma vez que os jovens, vestibulandos ou não, parecem não precisar mais de leitura: dispõe de resumos de toda a literatura anunciada para os vestibulares. Uma pena, Machado, por exemplo, oferece pérolas novas a cada (re)leitura.

Que fazer? Ficar como D. Quixote batendo-se com os moinhos? Adaptar-se a esses tempos de compactações? Prefiro a primeira hipótese, mas, de qualquer forma, com a permissão do leitor, faço aqui um rápido treinamento procurando escrever em cada parágrafo o que eu gostaria de abordar em uma crônica inteira sobre essa última Copa do Mundo.

Escandaloso jogo de interesses envolve clubes, CBF, patrocinadores, profissionais da crônica esportiva e nem sei mais quem. Temo, num futuro próximo, não estar mais torcendo para a seleção do meu país, mas para a Nike, Adidas, Penalty etc. Para não ser pego de surpresa estou me preparando com o meu time o Palmeiras/Parmalat, ao mesmo tempo em que os corintianos fazem treinamento com o Exel.

A milionária seleção brasileira andou de salto alto sob o comando de um técnico completamente desatualizado, para dizer pouco. Sair como vice campeões do mundo foi uma honra que não merecíamos. Tristemente confesso que surpeendi-me torcendo pelo desempenho individual de alguns jogadores, como Ronaldo e Denilson. Quase esquecia-me de que o futebol é jogo coletivo e solidário. Nem sei como existe ainda nesse mundo individualista. Acabemos com o futebol e passemos a vibrar apenas com o automobilismo, o tênis e o xadres, jogos que privilegiam o indivíduo ao invés do coletivo.

A escalação de Ronaldinho merece a abertura de um processo crime contra a CBF. Às vezes fico imaginando o que os historiadores do futuro dirão de nós que vivemos nesse fim de milênio. Por certo, quando tratarem sobre a escravidão humana poderão usar como exemplo os atletas de forma geral e os jogadores de futebol em particular.

Tudo isso entretanto não me afetou, o que me frustrou realmente nessa Copa foi a imagem da televisão sueca mostrando o penalty cometido por Junior Baiano num jogador norueguês. Frustrou-me porque a televisão francesa não havia mostrado e os nossos locutores, comentaristas e repórteres também não viram a infração. Fico pensando no tanto que as imagens podem nos enganar.

 

O autor é doutor em  História Social

 pela USP e diretor do CEUD/UFMS

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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