Nomeações na floresta tropical

 

Wilson Valentim Biasotto*

14-dez-96

 

Já contei neste espaço a história de uma eleição no Reino da Floresta Tropical, na época em que os bichos falavam e que o leão foi o grande vencedor. Hoje vou lhes narrar o que se passou logo após a realização do pleito, durante os dias que antecederam a grande festa de posse.

Rei leão sentiu sobre os seus ombros o peso de uma grande responsabilidade. O reino era grande e muito maiores os problemas. Era preciso estabelecer regras de conduta; educar a bicharada, nem que fosse apenas e tão somente para respeitar o status quo; fazia-se necessário cuidar da segurança, não só pessoal, mas para a manutenção da ordem. Enfim, era imperioso organizar a administração.

Primeira conclusão do leão: sozinho não daria conta de governar, era necessário a organização de uma equipe para ajudá-lo. Então inferiu que a equipe devia ser merecedora de sua confiança;  precisava ser competente, porque em última análise era o seu próprio nome que estava em jogo e, finalmente, mas não por ser menos importante, pretendia colocar nos cargos os bichos mais amigos. Aliás, quando chegou a essa conclusão arrepiou-se todo só em pensar no tigre, no jaguar, na pantera e na onça.

Não relato alguns episódios que antecederam a escolha dos auxiliares diretos do rei leão para poupar os leitores, mas houve tanta confusão, tanto arranca-rabo, que até hoje muitos bichos são desprovidos de cauda. E se o elefante tem tromba é porque um gaiato, que queria arrancar-lhe o rabo, não percebeu que pegara do lado errado e esticou-lhe o nariz, sem entretanto ter conseguido arrancá-lo.

Para encurtar a história, depois de muita confusão, o leão constituiu a sua equipe. Não me lembro dela toda, mas mencionando algumas das nomeações o leitor podera avaliar se houve sabedoria nas decisões. Para cuidar da segurança externa foi nomeada a águia, para assuntos relativos ao saber a coruja, para a comunicação fluvial o lambari, para a área de transporte leve o burro, para transporte pesado o elefante, para a limpeza o urubu. O macaco foi nomeado para o serviço de informação, entretanto, como existem muitas espécies de macacos, foi devidamente esclarecido que seria o macaco-prego quem ocuparia o cargo.

Foi nessa época, e por causa dessas nomeações, que surgiu o célebre ditado: “cada macaco em seu galho”.

 

*O autor é doutor em História Social pela

USP e professor do CEUD/UFMS

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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