Alianças e responsabilidade política

 

Wilson Valentim Biasotto*

05.06.00

Domingo passado, dia 28 de junho, os convencionais do PT deram sinal verde para a executiva do partido continuar as conversações com os partidos de esquerda no sentido de se constituir um arco de alianças para as eleições municipais, nos moldes daquele que elegeu Zeca do PT governador do Estado. Poucos convencionais votaram contra, a esmagadora maioria do partido entendeu que o PT precisa da força dos demais partidos de esquerda para conseguir eleger Laerte Tetila. O próprio governador, que se fez presente, discursou enfatizando a importância da soma de forças.

Mesmo sabendo que Tetila encontra-se à frente na corrida eleitoral, com margem de vantagem em torno de 15% sobre seu concorrente mais próximo, os petistas entendem que não devem prescindir da força de seus tradicionais aliados,

As forças da direita douradense, por sua vez, também conhecem as pesquisas, sabem muito bem que elas apontam para uma vitória da esquerda e por isso estão se organizando da melhor maneira que podem para não permitir a vitória de Tetila na segunda maior cidade do Estado. Sabem os comandantes das forças de direita que se perderem Dourados dificilmente recuperarão o governo do Estado em 2002. E, se a direita não recuperar o governo de Mato Grosso do Sul nas próximas eleições, corre o risco de ver acontecer aqui o que acontece no Rio Grande do Sul, onde o PT após assumir o governo da capital mantém-se nos últimos doze anos, graças a eficiência de sua administração.

A tendência é que ambos os lados busquem unificar as suas forças, mas o desejo do PT em se coligar com os demais partidos de esquerda em Dourados parece não estar encontrando eco. Alguns desses partidos insistem em lançar candidatos próprios à Prefeitura. Crêem que assim procedendo estarão marcando posição e fortalecendo os seus respectivos partidos para embates futuros.

Pode ser que estando desunida, a esquerda não tenha a menor chance de eleger o seu candidato e, por sua vez, a união da direita, possa fazer crescer as chances de continuarmos a ter em Dourados a continuidade das administrações que conhecemos ao longo dos últimos sessenta e cinco anos.

Mas, por outro lado, pode acontecer o inverso. Os partidos de esquerda que não se coligarem com o PT correm o sério risco de se enfraquecerem em decorrência da polarização que costuma haver nas eleições em Dourados. Muitas vezes a diferença entre o primeiro e o segundo colocados é mínima. Se não me falha a memória Braz Mello ganhou o seu primeiro mandato com quarenta votos sobre José Elias Moreira. Quer dizer, tudo pode acontecer. Se os 15% de vantagem que Tetila detêm hoje podem migrar para os partidos de esquerda que não se coligarem e, por via de conseqüência, darem a vitória à direita, da mesma forma podem permanecer inalterados em função do chamado voto útil.

Portanto, vivemos uma fase decisiva. Refletir a atual conjuntura com calma e serenidade é muito importante para os destinos de Dourados e do Mato Grosso do Sul. São em momentos como este que os homens públicos atingem a estatura de estadistas ou enveredam para a mediocridade do diz-que-diz, das picuinhas, das coisas miúdas.

E, como Dourados encontra-se atualmente em uma encruzilhada, o nosso futuro depende muito das próximas eleições. Isso porque será a próxima administração quem deverá estabelecer os novos rumos que daremos à nossa cidade

* Doutor em história social pela USP e

 diretor da Câmpus de Dourados - UFMS

biasotto@ceud.ufms.br

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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