Vestibular especial: "Saúde Dourados"

 

Wilson Valentim Biasotto*

09/03/2000

 

Inspira-me esta crônica a frase final de um ofício recebido via faz cumprimentando a UFMS pela realização do vestibular especial ocorrido entre 29 de fevereiro e 3 de março. O amigo, ao final de sua mensagem, ao invés de um atenciosamente ou algo similar, colocou uma fórmula inovadora: “Saúde Dourados”.

Saúde Dourados! A frase está carregada de uma certa ambigüidade. Talvez refira-se especificamente à implantação do curso de Medicina, sem dúvida uma grande conquista para a nossa região e carro chefe para a vinda de outros cursos na área das ciências da saúde. Mas, a expressão “Saúde Dourados”, pode ser entendida também como fortalecimento, revitalização. Quer dizer, o autor do ofício poderia ter em mente a expansão do ensino público superior em nossa cidade como um todo. Nesse sentido estaria levando em conta o conjunto dos novos cursos públicos abertos em nossa cidade pelas Universidades Federal e Estadual. E não foram poucos: Administração, Direito, Medicina, as habilitações em Secretário Bilingüe e Tradutor Intérprete, Turismo e Física. E, em nível de pós-graduação, o mestrado em Entomologia e Recursos da Biodiversidade. Um grande avanço, sem dúvida, que pode muito bem significar “Saúde Dourados”.

Graças a esse crescimento, quero crer que o projeto de unificação do ensino público superior em Dourados, pela UEMS e UFMS, através da implantação da Cidade Universitária, está mais próximo de se tornar realidade. Não custa, todavia, continuarmos tendo em vista alguns princípios.

O princípio básico é que devemos sim crescer, expandir o número de vagas, mas sem perdermos de vista a qualidade do ensino, a excelência da pesquisa e a manutenção da extensão universitária. Não se trata portanto, simplesmente, de se abrir mais cursos de graduação, mas de se abrir bons cursos de graduação.

Em segundo lugar devemos levar em consideração que a Universidade deve oferecer também cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado. Significa dizer que devemos construir uma espécie de pirâmide que tenha como base os cursos de graduação e que essa pirâmide vá se afunilando com cursos de pós-graduação nas áreas em que estivermos mais adiantados, até chegarmos ao vértice com os cursos de pós-doutorado.

Finalmente, não podemos nos esquecer jamais que esse grande passo no sentido de construirmos a Cidade Universitária de Dourados foi dado graças a soma dos esforços das forças vivas de nossa cidade, de nossa região e do nosso estado. Não fosse a união dos sindicatos, das entidades de classe, clubes de serviço, órgãos públicos e dos políticos dos mais diversos matizes ideológicos em torno desse objetivo comum , não teríamos alcançado sucesso. Não fosse o empenho de nossos professores e funcionários nem os projetos teriam sido elaborados; não fosse a persistência, a perseverança e o otimismo da comissão pró-implantação da Cidade Universitária, não teríamos sequer movido o primeiro passo. Não fosse a imprensa falada, escrita e televisada, ter acreditado e não fosse a sociedade ter incorporado o espírito, o clima de cidade universitária, não teríamos atingido as nossas metas.

Cada qual contribuindo na medida de suas forças, e sem nos deixarmos paralisar pelos êxitos obtidos nesta primeira arrancada, haveremos de atingir o nosso objetivo, de termos nos próximos dez anos em torno de trinta cursos de gradução na Cidade Universitária, cerca de dez mil alunos e todas as conseqüências advindas desses números.

De certa forma, portanto, todos nós temos motivos para estarmos de parabéns por esse empreendimento, mas, permita-me o leitor render uma homenagem póstuma a Walter Guaritá, o Waltinho, um entusiasta da idéia, que pertencia à Comissão pró-implantação da Cidade Universitária, e que nos deixou prematuramente sem ter colhido um único fruto dessa nossa semeadura.

O autor é diretor da Câmpus de Dourados/UFMS

Endereço eletrônico: biasotto@ceud.ufms.br

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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