A guerra contra inimigos invisíveis

 

Wilson Valentim Biasotto*

A última terça, 11 de setembro entrará para a história como o dia em que os Estados Unidos foram surpreendidos por um ataque, partindo não se sabe bem de onde, planejado não se sabe (ainda) por quem e praticado por pessoas capazes de doar a vida por uma causa que não se sabe muito bem qual é. Se é que essas pessoas não foram movidas apenas por um ódio insano.

Não creio que alguém, em alguma parte do mundo estivesse esperando por isso. A perplexidade tomou conta a humanidade. As autoridades norte-americanas ficaram desnorteadas, a ponto do subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, ter declarado que "não se trata apenas de capturar essa gente (...), mas eliminar os santuários, os sistemas de apoio, acabar com todos os Estados que patrocinam os terroristas e o terrorismo".

Uma declaração dessas só pode ser fruto de um destempero verbal gerado pelo espanto do momento. Ou teremos que admitir que a dor norte-americana não é maior que o desejo de vingança, desejo de sangue?

Penso que não se trata nem de uma coisa nem de outra. Na verdade os Estados Unidos têm sede é de dinheiro, muito dinheiro. E guerras são subterfúgios para gerar dinheiro, ao menos para os países imperialistas. É uma lógica perversa, mas não deixa de ser uma lógica, que se não for mantida põe em risco a hegemonia americana.

Vem-me à lembrança a história do Império Romano: um império guerreiro que precisava manter um grande número de legiões para provocar a sua expansão permanente e, por via de consequência, arrebanhar os escravos que lhe davam a sustentação econômica. Com o advento da PAX ROMANA o Império iniciou a sua decadência porque a paz representava uma contradição em relação ao modo de produção escravagista desenvolvido pelos romanos.

Da mesma forma se dá com os Estados Unidos. A solidariedade e a fraternidade são contraditórias ao neoliberalismo econômico, portanto o perdão é impraticável. O amor pelo dinheiro parece ser mais forte que a religiosidade norte-americana.

Não obstante ser anti-imperialista e adversário declarado da política neoliberal, sou a favor da vida. Penso que tirar uma vida é interferir na trajetória da história da humanidade. Por isso sou solidário com todas as famílias que perderam seus entes queridos, vítimas inocentes de um ataque inesperado.

Deixemos as coisas claras. Talvez os Estados Unidos mereçam esse susto por todo o mal que já provocaram ao mundo. Que seus símbolos sejam portanto destruídos. Mas nada justifica o sacrifício de vidas humanas, nada justifica a morte de pessoas que talvez não passem de simples massa de manobra.

Terceiro milênio da Era Cristã! Talvez a maior potência do mundo atual, os Estados Unidos, estejam deixando passar mais uma ótima oportunidade para repensar a sua prática histórica. Entristeço-me ao ver as autoridades americanas falando em retaliação e a nossa grande imprensa orquestrando a mesma sinfonia.

Judeus, cristãos ou muçulmanos; brancos, negros ou índios, todos enfim, poderíamos ter atingido um estágio civilizatório mais elevado a ponto de mantermos uma convivência respeitosa diante das nossas diferenças.

*O autor é doutor em História Social

         pela USP, professor da UFMS/ Dourados

e  vereador pelo PT em Dourados.

                                                                         biasotto@ceud.ufms.br

 

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

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recebida com surpresa e alegria

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