O cooperativismo como avanço à exploração capitalista

 

Wilson Valentim Biasotto *

 

Polêmica! Muita polêmica na última sessão da Câmara. Motivo: alguns vereadores de oposição ao prefeito Tetila, especialmente aqueles ligados à administração passada, entenderam que o rompimento do contrato com a firma Preservar e o subsequente emprego de uma cooperativa para prestar os serviços de limpeza pública, constituir-se-iam em atos de má fé.

Por sua vez, dezenas de empregados da Preservar, convidados pela referida oposição, se fizeram presentes na Câmara e aplaudiram com entusiasmo os veementes discursos daqueles que, de uma hora para a outra, esqueceram-se de suas ligações com a administração anterior e elevaram-se, a si próprios, à condição de paladinos da defesa dos trabalhadores que estariam, segundo eles, sendo enganados pela atual administração.

Ora, convenhamos, a atual administração não somente tem o direito, mas, acima de tudo, o dever de rever contratos deixados pelas administrações anteriores e alterá-los ou  rompe-los, se julgar de interesse público. Em outras palavras, se puder ampliar e melhorar a qualidade dos serviços com menor custo, por que não faze-lo?

Mas, que fazer? De um lado os oposicionistas entendem que não se deve contratar cooperativas e, de outro, os trabalhadores da Preservar que receberam o aviso prévio estão angustiados porque perderam os seus empregos.

No que tange a atuação das cooperativas no Brasil, é preciso salientar que estão amparadas por Lei e que em Dourados existem vários exemplos muito bem sucedidos da aplicação desse sistema. Se no passado foram armadas verdadeiras arapucas para enganar e espoliar os trabalhadores a história é outra. Não se pode dizer que todos os gatos são pardos, mesmo porque a administração Tetila esmera-se em transparência.

Claro que essas arapucas armadas outrora refletem-se hoje negativamente, porque afinal, cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça. Mas, como disse um personagem de Machado de Assis, muito lembrado pelo nosso Secretário de Administração Alaércio Abrãao, "não julgueis os demais por vós". Quer dizer, se administrações passadas agiram mal em relação às cooperativas não quer dizer que a administração Tetila agirá de igual forma.

As cooperativas, organizadas desde 1844 têm prestado serviços relevantes em âmbito mundial, independentemente de nacionalidades ou ideologias adotadas, haja vista os exemplos na antiga União Soviética e na própria Europa em sua reconstrução pós-guerra. No Brasil, e em Dourados, ainda engatinhamos, mas como já dissemos, temos bons exemplos a serem seguidos e, se a Prefeitura Municipal estimular a organização dessas instituições, com certeza, estaremos dando um largo passo adiante em relação à exploração do trabalho praticada pelo capitalismo.

Não obstante, é necessário que façamos um alerta ao nosso alcaíde. Ë preciso que os cooperados estejam conscientes de que não são empregados, mas cooperados; eles próprios, serão os seus patrões, escolherão os seus encarregados, administrarão o dinheiro arrecadado e, nesse sentido cremos que a Prefeitura deverá oferecer cursos preparatórios para que ninguém se prejudique ou se iluda.

Finalmente, no que diz respeito aos trabalhadores ora demitidos pela Preservar, sugerimos que sejam absorvidos pela Cooperativa e que possam avançar, juntamente com a atual Administração de Dourados, na busca de uma vida digna e mais feliz.

 

*O autor é doutor em História Social

pela USP, professor da UFMS/ Dourados

e  vereador pelo PT em Dourados.

                                                                   

 

 

 

 

 

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