Carroceiros zeladores

              Wilson Valentim Biasotto *

fev/2002

 

Pelo que me consta, a idéia dos carroceiros zeladores nasceu da cabeça do prefeito Laerte Tetila, que assumiu com muita coragem a iniciativa de implantar esse projeto. Confesso que quando ouvi pela primeira vez os seus argumentos, logo no início de seu mandato, a favor desse serviço público, tive sérias dúvidas a respeito. Não do benefício social que tal empreitada traria, mas da sua viabilidade prática, principalmente porque não faltariam vozes condenando o uso da carroça já que ela está meio fora de moda nestes tempos contemporâneos.

Tetila, no entanto, é um obstinado, demorou quase um ano para que esse projeto saísse no campo das idéias para se tornar realidade. E eis que aí estão os carroceiros, exercendo uma atividade muito importante.  Ouso afirmar que em breve esses carroceiros zeladores cairão nas graças da população douradense. E a principal razão é muito simples, eles não deixarão os buracos ficarem grandes.

Isso mesmo, é óbvio que a grande maioria dos buracos do asfalto nascem pequenos e vão crescendo, crescendo, até se tornarem crateras enormes, como aquelas que a atual administração herdou da administração anterior. E quando os buracos são grandes e numerosos, consomem muito dinheiro Para tapá-los são necessárias operações vultuosas, em detrimento de outras ações que resultariam em novos benefícios sociais.

Tapar buracos é uma das funções dos carroceiros zeladores. Bem treinados que foram, saem pela cidade, em um limite preestabelecido para a sua atividade Em suas carroças as ferramentas necessárias e um material produzido pela Petrobrás, uma massa asfáltica que está se revelando mais eficiente que o próprio asfalto tradicionalmente usado para esse fim. Basta que limpem bem o buraco, tapem-no com a massa e dêem uma nivelada. As rodas dos carros se incumbem da compactação.

Vale ressaltar o carinho com que os carroceiros estão realizando esse trabalho. Carinho, aliás, que vem sendo adotado pela grande maioria dos servidores públicos municipais que estão se sentindo valorizados, que compreendem a sua relevante importância para que Dourados seja uma cidade bonita onde se possa viver feliz.

Quanto a discussão de que as carroças são coisas do passado e que estão meio fora de moda, como observei acima, vale ressaltar que esse projeto é de inclusão social. Os carroceiros zeladores recebem trezentos reais mensais, que se revertem em realização pessoal, em sustento para as suas respectivas famílias, em conseqüentes compras nos mercados e lojas da cidade, em crianças na escola. Em suma, se transformam em circulação monetária, que representa, também, arrecadação de impostos e a (re)constituição de um ciclo em que toda a sociedade acaba se beneficiando.

De qualquer forma, será preciso, ainda, muita coragem e muita criatividade para se fazer com que Dourados retome a sua senda de cidade modelo.

 

O autor é doutor em História Social pela

USP,   professor   da   UFMS/Dourados

                                        e   vereador  em   Dourados    pelo  PT.

 

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br