Wilson Valentim Biasotto*
26.12.02 (Douradosnews)
Quando criança imaginava que não viveria para ver o ano 2000. Que besteira! Sendo nascido em 47 tinha todas as possibilidades de chegar a um novo milênio, como de fato cheguei.
Mas criança é assim mesmo, sonha acordada, imagina mil coisas. Certa vez atirei uma pedra para o alto e fiquei morrendo de medo, pensando que fosse atingir o céu. Senti um medo intenso, que durou uma fração de segundos, o tempo de escutar a pedra cair! Mas pareceu-me um século.
O susto demorou mais a passar. Fiquei muito tempo imaginando o que poderia acontecer se tivesse atingido o céu com uma pedra.
Passada a infância, vivendo a fase intensa das descobertas da adolescência, a abóbada celeste tornou-se mais distante e o ano 2000 mais próximo.
Chegou afinal! E passou, como 2001 e, agora, 2002... O tempo passa... inexorável e ninguém, por mais poderoso que seja, pode detê-lo. Nosso consolo é compreendê-lo, aproveitá-lo, termos a dimensão dessa inexorabilidade para não ficarmos, a cada passo, nos arrependendo do que fizemos.
Na idade madura vimos que ao singrar o espaço, o astronauta maravilhado diante de beleza nunca vista até então, ensinou-nos que a terra é azul. Azul é a terra! E o céu?
O céu, à medida em que o tempo passa, vai ficando geograficamente mais distante, mas, por outro lado, irremediavelmente muito mais próximo, se crermos ter um local reservado para nós naquelas paragens.
Talvez não tenha sido o único, quando criança, a ter sentido medo de ter acertado o céu com uma pedra. Creio mesmo que as crianças de hoje, mesmo sendo muito mais espertas que as de antigamente, possam ter a mesma impressão que tive, se atirarem uma pedra ao alto. Mas será que nossas crianças e nossos adolescentes têm a esperança de atingirem o século 22?
Pela lógica, a mesma lógica que usei quando criança, não devem pensar jamais em atingir um novo século. Afinal, qual a nossa única certeza neste mundo senão da morte? E quem pensa em viver 100 anos?
Ora, ora, não sejamos pessimistas. Se é bem verdade que o tempo é inexorável, não menos verdadeiro é que a ciência médica faz avanços incríveis nesses últimos anos. A engenharia genética poderá aprontar-nos ainda muitas surpresas boas. Quem sabe, portanto, se não veremos nascer também o século 22, embora sem o charme de ser um novo milênio.
O próprio tempo, que é também Senhor da Razão, como diziam os latinos, dirá o que nos está sendo reservado.
De qualquer forma, meu caro leitor, desejo-lhe pelo menos mais cem anos, e que sejam repletos de saúde, de paz e muita felicidade. E se esse meu desejo contemplar apenas os mais jovens, ou seja, se a engenharia genética for impiedosa com aqueles que já amadureceram na vida, então que possamos viver aquilo que nos resta, seja quanto for, de modo a não nos arrependermos de nossas atitudes.
Que as boas sementes lançadas no solo fértil do presente possam acalentar-nos futuramente, apenas com doces lembranças do passado.
Que passe o tempo... inexorável... mas que possamos desejar ainda durante muito tempo um "Feliz Natal" e " Feliz Ano Novo" a todos os nossos semelhantes.
O autor é doutor em História Social pela
USP, professor aposentado da UFMS/Dourados
e vereador em Dourados pelo PT.
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.