Retomada de Corumbá

 

Retomada de Corumbá

 

Hoje, 13 de junho de 1978, comemora-se a retomada de Corumbá. Como nesta terra da bonança, uma verdadeira Canaã, que acolhe brasileiros das mais diversas regiões da Pátria Amada, muitos desconhecem o significado da Retomada daquela que foi a principal cidade comercial deste que hoje representa um dos principais estados da Federação, faremos algumas considerações a respeito da guerra, hoje denominada Guerra da Tríplice Aliança, evidentemente devido a construção de Itaipu. Não pretendemos, obviamente, esgotar o assunto.

CONFINAMENTO PARAGUAIO

O Paraguai, desde 1811, confinado em  suas fronteiras, ainda indecisas e contestadas, estagnara-se. Durante meio século, sob os governos despótico de José Francia e Carlos Antonio Lopes, habituara-se  o povo guarani, a férrea disciplina imposta pelos seus governantes e embebera-se na crença de que todas as dificuldades nacionais deviam ser atribuídas aos países vizinhos, mais fortes, que lhe barravam o acesso ao mar e conseqüentemente lhe estorvavam o comercio internacional.

O Brasil havia sido o primeiro país a reconhecer a independência do Paraguai, com o qual conseguiu estabelecer relações, diplomáticas mesmo durante o longo período de isolamento do governo de José Francia. O Império defendia então, a integridade territorial e a soberania do Paraguai, contra os desejos expansionistas das Províncias  Unidas do Rio da Prata (Argentina). Inclusive, quando Rosas  governava aquelas Províncias, o Brasil contribuiu para o melhoramento das fortificações e do exercito paraguaio. Em contrapartida  conseguiu o Império brasileiro do,Presidente Carlos Antonio Lopez o livre trânsito  pelo rio Paraguai dos navios que se destinavam a Mato Grosso.

Francisco  Solano Lopez, com a morte de seu pai em 1862, substituiu-o e mandou construir numa curva do rio Paraguai, próximo à embocadura, uma fortaleza, Humaitá, que naturalmente descontentava o governo brasileiro por ter que pedir ordens para ultrapassa-la para demanda de Cuiabá.

PREPARATIVOS BÉLICOS

O Paraguai começou a prepara-se ativamente para a Guerra em 1864, objetivando conseguir uma saída para o mar. Lopez estabeleceu um acampamento em Cerro Leon, onde 30 mil homens de 16 a 50 anos recebiam instrução militar. Ao mesmo tempo 17 mil recrutas eram exercitados em Encarnacion, 10 mil Humaitá, 4 mil em Assunção e 3 mil em Concepcion. Ao todo 64 mil homens prepararam-se, num período de seis meses, para realizarem o sonho que Lopez havia idealizado na Europa durante o tempo em que lá passou estudando.

Em Buenos Aires, embora a Argentina não contasse com um exercito efetivo e se calculasse que o exercito paraguaio contasse com 50 mil homens, a imprensa zombava do Paraguai, causando grande emoção em  Solano Lopez. Discutia-se nas Províncias Unidas de que lado ficaria a Argentina.

Da parte do Brasil, havia uma Companhia com dois vapores fazendo a viagem de Montevidéu a Corumbá, com escala, naturalmente, em Assunção. Um dos navios, o Marques de Olinda, em sua viagem de 10 de novembro de 1864, levava a bordo o Sr. Carneiro de Campos, recém nomeado Presidente da Província de Mato Grosso. Lopez, que se encontrava em Cerro Leon, depois de exitar durante todo o dia , mandou um ajudante por trem expresso, dar ordem para que o Tucuarí, então a vapor mais veloz do Rio da Prata, perseguisse o Marques de Olida. Atingindo o objetivo os brasileiros foram presos e a mercadoria que nosso vapor lavava foi leiloada. O governo Imperial agiu com serenidade, publicando no diário oficial que contava com o patriotismo de todos os brasileiro e que o Paraguai achava-se dominado por um governo despótico e, ainda que, após resolver a questão com o Uruguai o Império ficaria livre para agir contra o Paraguai.

ATAQUE A MATO GROSSO

A 14 de dezembro de 1864 todos os habitantes de Assunção acorreram à beira do rio Paraguai, pois sabia que uma expedição composta de 3 mil homens com duas baterias de campanha foram embarcadas em 5 vapores e 3 escunas. Eram os veteranos do 6º e 4º batalhões que embarcavam para dominar Mato Grosso. A 27 de dezembro caiu o Forte de Nova Coimbra, sendo que seu comandante Porto Carreiro, ao apresentar-se em Cuiabá foi punido por ter evacuado o Forte. Após Nova Coimbra caiu Corumbá, principal cidade comercial de Mato Grosso, sendo as casas saqueadas, e a população maltratada ou morta.

Concomitantemente o General Resquim avançou por terra,  tendo 29 de dezembro tomado a Colônia dos Dourados, heroicamente defendida pelo Tenente Antonio João e seus 14 companheiros.

A notícia da invasão de Mato Grosso foi levada ao Rio de Janeiro pelo Barão de Vila Maria, que fez a viagem em um mês. Enquanto isso a imprensa Argentina afirmava que a retirada dos brasileiros do Mato Grosso era um grande movimento estratégico, profetizando que o Brasil não teria dificuldade alguma em resolver a questão com o Paraguai.

A TRIPLICE ALIANÇA

Em 5 de fevereiro de 1865 os representantes de Lopes chegaram a Buenos Aires solicitando ao Gen. Mitre permissão para o exercito Paraguaio atravessar a Província   de Corrientes. Sendo negada a permissão, a 13 de março de 1865 o exercito paraguaio invadiu Corrientes.

Mitre declarou a Argentina em Estado de Sítio. A 1º de maio de 1865 reuniram-se Flores, Urquiza, Tamandaré, Osório e o próprio presidente da Argentina, Mitre, e assinaram o Tratado da Tríplice Aliança (Brasil-Argentina-Uruguai).

A superioridade numérica com que contou Lopez no início das hostilidade desgastou-se prematuramente em virtude das imprudências e da falta de tino estratégico do seu comandante chefe.

Assim, os aliados foram pouco a pouco recuperando os territórios que haviam sido ocupados e passavam à ofensiva.

Em Mato Grosso o movimento invasor diluira-se na imensidão territorial quase despovoada e perdera o alento na simples ocupação de Coimbra, Corumbá e Miranda.

Dia 11 de junho os cuiabanos, guiados por pessoas que conheciam profundamente a região atravessaram o rio ao sul de Ladário. Dois dias depois, aproveitando-se da “ciesta” que faziam os paraguaios avançaram sobre Corumbá que em menos de uma hora de luta era retomada pelos brasileiros. Por volta das 15:30 horas os homens de Antonio Maria Coelho hasteavam o auri-verde pavilhão de nossa Pátria no mesmo mastro que horas antes tremulava a bandeira paraguaia.

Nessa demonstração de bravura do povo brasileiro-mato-grossense perdemos 29 vidas, enquanto os paraguaios perderam 115, inclusive a de seu comandante Coronel Hemógenes Cabral.

Devido a esta gloriosa página escrita em nossa história é que hoje 13 de junho, é considerado feriado em Corumbá.                                 

Wilson Valentim Biasotto

Jornal de Notícias – 13.06.78

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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