O incrível neném da ciência

 

 

A notícia foi amplamente divulgada: Nasceu na Inglaterra o primeiro neném de Dona Ciência; ou melhor, graças à Ciência um casal impossibilitado de ter filhos conseguiu seu primeiro bebê.

Discute-se em todo mundo a incrível façanha, sem dúvida uma das maiores vitórias que a Ciência conseguiu. No Brasil as opiniões divergem,  uns são a favor, outros contra; uns conhecem profundamente o problema mas julgam que o investimento é muito grande, não havendo possibilidades de ser desenvolvido em nosso país tal projeto; a grande maioria dos brasileiros, entretanto, ou não teve sequer conhecimento do feito ou ignora o processo.

Aceitando ou não, querendo ou não,  Louis é uma realidade a desafiar as mentes de médicos e juristas de todo o mundo. Para o nosso Ministro da Saúde o Brasil não deve pensar em bebê  de proveta, mas sim construir sentinas, objetivando oferecer maiores e melhores condições de higiene ao nosso povo. Muitos estranharam o fato do Dr. Paulo de Almeida Machado ter usado o termo  privada, considerado um tanto vulgar, como se o povo falasse de forma diferente.

Em nossa opinião está muito  certo o Sr. Ministro, em suas palavras, todavia, na prática a teoria é diferente, ou seja o Brasil não fez nem o bebê  de  proveta, nem uma obra sanitária que realmente atinja a maioria da população.

Concordamos então, com o Ministro da Saúde, falando-se em termos de Brasil. Ao invés de investirmos largas somas na tentativa de termos também o bebê de proveta, vamos  nos preocupar mais com o problema sanitário, com  o menor abandonado que vai, cada vez mais, tornado-se um sério problema social.

Somos favoráveis, ao mesmo tempo, ao bebê de proveta e, não cometemos com isso nenhuma incoerência. O neném gerado em um tubo de ensaio e desenvolvido no útero de qualquer mulher que se proponha a ter um filho de outra constitui-se num dos mais avançados projetos da humanidade, muito embora possa ser um grande perigo se profissionais desonestos usarem o método indevidamente. Deixemos os maus profissionais, mesmo porque o  custo do bebê de laboratório ainda é muito elevado e portanto não haverá condições imediatas de uma produção em série que provocaria inclusive o surgimento de uma nova  classe operária: a das mulheres parideiras. Vejamos apenas e rapidamente, porque somos favoráveis.

Em nosso primeiro lugar o neném de laboratório foi gerado na Inglaterra. Isso evidencia que um país desenvolvido, além dos Estados Unidos e União Soviética, é capaz de desenvolver projetos arrojados dando-nos o alento de que a humanidade não se encontra amarrada às duas super-potências.

Em segundo lugar há que se considerar que a Ciência não pode se ater a invenções imediatas. Por  exemplo, não há no momento nenhuma vantagem do homem explorar a lua. Entretanto, alguns  séculos mais e a terra estará superpovoada.  Então, possivelmente, haverá necessidade de formarmos uma colônia  na lua porque as pesquisas aparentemente

inúteis de hoje, poderão ser a salvação de amanhã.

 

Wilson Valentim Biasotto

Jornal de Notícias – 01.08.78

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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