Caminho livre, aberto à perdição

         Ninguém se prostitui pelo simples prazer sexual. A prostituição constitui-se num constante desafio às autoridades não somente de nossa cidade, mas de todo o mundo.  Toda a preocupação, todo esforço aplicado no sentido de se acabar com esse drama social tem, todavia, redundado invariavelmente em fracasso.

As prostitutas, se encaradas pela sociedade como verdadeiros seres humanos e não como simples objetos de carne, causam mais pena que propriamente o repúdio. A vida de uma prostituta é dolorosamente triste. A angústia de sentir-se marginalizada faz com que busque prazeres extravagantes na ânsia de esquecer  sua condição social ou mesmo para procurar uma compensação para seu infortúnio. Assim, numa casa de prostituição pode-se ver as mais variadas esdruxularias, desde as posições obscenas no sentar, o alcoolismo até os mais variados bacanais de bárbaros.

Os homens, por sua vez, procuram a zona do meretrício para satisfazerem-se sexualmente ou em busca de prazeres eróticos que não encontram num relacionamento sexual chamado normal. Muitos homens, todavia, procuram a  zona do meretrício para extravasar suas frustrações. Esses bolem, rebolam, rebumbam e a coisa normalmente redunda em arruaça e pancadarias.

O ambiente de uma zona do meretrício, portanto, não é o mais indicado para ser assistido pela sociedade e muito menos pelos jovens adolescentes. Ocorre que a zona do meretrício em Dourados situa-se praticamente dentro da cidade as casas de prostituição confundem-se com casas de famílias. E, o que talvez seja o pior, jovens empregadas domésticas, pobres mas honradas, atravessam diariamente aquele perímetro as pecado, formando, dados as aparências, um conceito errôneo da vida daquelas mulheres. Essas  meninas-moças passam a comparar as vidas aparentemente fáceis daquelas mulheres, com as suas próprias vidas. Imaginam então que é muito mais fácil vender o corpo do que agüentar o dia todo uma patroa atazanando-lh a vida.

O problema é sério. É o caminho da perdição que se apresenta aberto. Cabe as forças   vivas da cidade a procura de solução. Nós enxergamos apenas uma saída: a  mudança de local da zona do meretrício. Seu fechamento puro e simples redundaria em conseqüências mais desastrosas.

A sociedade douradense, a classe apatacada, sob o égide do delegado de polícia, bem poderia comprar afastada, loteá-la, construir cassa e vende-las ou aluga-las às meretrizes.

 

Wilson Valentim Biasotto

Jornal de Notícias – 10.08.1978

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

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Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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