Crônicas em retalhos: misturando óleo e água.

 Feliz Ano Novo: Nessa minha primeira crônica de 2011, cumpre-me inicialmente desejar aos leitores, tanto aos amigos quanto aos adversários, um Ano Novo repleto de saúde, paz, harmonia e realizações. Aos amigos por serem amigos, isso basta, e aos adversários para que possamos nos respeitar mesmo defendendo opiniões divergentes. 2011 promete, não somente para o Brasil com a presidente Dilma, mas especialmente para Dourados.

0 número 4: Somando-se 2+0+1+1, temos 4 que é o número da estabilidade e do equilíbrio. Talvez porque as mesas tenham quatro pernas, assim como as cadeiras. Mas, numerologia à parte, todos nós douradenses devemos torcer para que tenhamos um ano que realmente nos traga equilíbrio, mesmo porque pior do que nos aconteceu, dificilmente viveremos para ver algo semelhante.

Olhando além da curva:  Enchamo-nos de otimismo e procuremos enxergar o mundo maravilhoso que existe além da curva. Dourados é muito maior do que tudo o que lhe sucedeu.  Mas volto a insistir em uma recomendação, livremo-nos da maldição de Antonio João e do Ervateiro. Guardemos no museu aquela estátua do Antonio João tombando e em seu lugar coloquemos uma estátua do Antonio João de peito aberto, enfrentando corajosamente as tropas inimigas, numericamente muito superiores às sua. E quanto ao Ervateiro é só devolvê-lo ao lugar de onde foi tirado, curando-lhe as feridas abertas pela mutilação.

Eleições extemporâneas: Vivas à Democracia e à Justiça sul-mato-grossense. Teremos eleições no dia 6 de fevereiro para escolhermos o nosso prefeito e vice. Mas, vivas também ao movimento social organizado, ao Comitê de Defesa Popular, que foi às ruas clamar pelas eleições.

Coligação exdrúxula: Nunca pensei que viveria para ver uma composição como a que aconteceu em Dourados. É fato impar, inusitado, exdrúxulo. O PT e o DEM coligados e estabelecendo uma aliança com PMDB e mais 13 partidos. Isso é como tentar misturar água com óleo.

Difícil explicar: mas eu me curvei a essa coalizão. Francamente, tinha disposição em colocar novamente o meu nome à prova, mas o meu partido não julgou sensato. Então curvamo-nos e vamos nos esforçar para dar certo, para o bem de nossa cidade. Se água e óleo não se misturam, podem ao menos conviver juntos num mesmo recepiente.

E no interior do PT? Se é difícil explicar uma coalizão DEM e PT, difícil também entender como forças internas dentro do PT se digladiam em luta fraticida. O encontro petista que decidiu pela coligação realizou-se no plenário da Câmara, no dia 28 de dezembro, tendo sido  um encontro fechado, até mesmo para os filiados que não eram convencionais. E o que aconteceu? Vazou um vídeo com um discurso do Tetila mandando o DEM para o inferno. Ora, ora, o que é isso companheiro?

Passaia: Quando Passaia realizou as suas famosas gravações, pode ter sido considerado traidor por aqueles que foram pegos, mas ao menos ele teve lá as suas justificativas. Estava defendendo o patrimônio público. Agora, esse “companheiro” que filmou o Tetila, estava defendendo o que? Uma proposição de candidatura própria que não foi vencedora? Somente isso?

Convergência Socialista: está passada a hora de a Articulação de Esquerda do PT ter a mesma grandeza que teve a antiga tendência Convergência Socialista, que não comungando mais os ideais petistas, organizou um partido autônomo, o PSTU. Ou então agir como Heloisa Helena que, com um grupo de companheiros também descontentes, saiu o PT e fundou o PSOL. Melhor deixar o partido do que trair um companheiro como o Tetila, que sempre acolheu em sua admnistração essa ala que somente lhe retribuiu com aborrecimentos.

Difícil, mas não impossível: A convivência entre os quinze partidos que compõe a coligação para os próximos dois anos de governo em Dourados será dificílima, no entanto assim como a água e o óleo podem conviver juntos, sem se mistarem, também na administração pública esses oponentes históricos poderão ocupar o mesmo espaço (a prefeitura de Dourados) sem que os diferentes aliados percam as suas respectivas ideologias. Para tanto será necessário saber o que cada um pensa para que possa haver o devido respeito entre as várias posições.

Exemplos: O DEM defende a qualidade total, a competência, o individualismo, o PT em contratartida defende a qualidade social, a capacidade, a ação coletiva. O DEM entende que se o governo tenta acabar com a pobreza está fazendo caridade, o PT entende que é obrigação governamental fazer a distribuição de renda através de políticas públicas. O DEM defende o ensino privado, o PT o ensino Público. E vai por aí afora.

Diferenças ideológicas: Vale uma ressalva, as divergências ideológicas, como as expressas nas diferentes concepções acima, são muito menos graves do que o fisiologismo, a gana por cargos, o mau caráter e a corrupção.

Fernando Pessoa: Parafraseando esse magistral poeta português, poderíamos dizer: Oh! Dourados, por ti quantos filhos seus choraram...Mas valeu apena? Inclusive essa coligação maluca? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

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Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

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