Crônica em retalhos: um pouco de perfume

 
Thomas Cray: Esse é o nome do teólogo inglês que viveu entre 1716 a 1771 a quem é atribuída a célebre constatação de que “fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas”

 

Bomdeler.com: o site bomdeler.com do jornalista Gilberto Orlando, formado na famosa escola de rádio que foi a Rádio Clube de Dourados, tem em sua página inicial, uma foto do Parque Antenor Martins cercado por uma multidão que abraçou o lago daquele parque numa das muitas atividades do Comitê Local das Cidades Educadoras. Quer dizer, se fica um pouco de perfume das mãos que oferecem rosas, fica também ao menos uma foto de uma das propostas mais interessantes que Dourados conheceu em termos de promocão do cidadão e de recuperação do meio ambiente: o Projeto Cidade Educadora.

 

Objetividade alemã: Se eu não estiver enganado a Paróquia de São José Operário é servida por um padre alemão que tenho no rol de minhas amizades, embora o meu contato com ele não seja frequente. Pois bem, defronte a essa Paróquia, encontram-se pelo menos duas faixas com os dizeres: “Quem tem educação não joga lixo no chão”. A frase pode até não ter sido colacada à público por influência direta do Projeto Cidade Educadora, mas com certeza é digna de uma cidade educadora. Fica o perfume, fica a foto e ficam as faixas.

 

Ciclovia indígena: Louvável a idéia governamental de se construir, paralelas à Rodovia Pedro Palhano (que liga Dourados a Itaporã), duas ciclovias para servir à população indígena da reserva Francisco Horta. Faço votos para que essas duas ciclovias não se desmanchem rapidamente com as chuvas, como ocorreu com a chamada “carroceira” feita na margem direita da rodovia Dourados a Itahum. Nossos irmãos índios merecem ainda mais, mas as ciclovias não deixam de ser uma boa iniciativa. É hora de se pensar seriamente em asfaltar pelo menos a principal via que corta a Reserva no sentido Leste/Oeste. Além de bicicletas e carroças os índios já possuem motos e carros e a tendência é que eles saiam definitivamente do estado de pobreza absoluta em que se encontravam e desfrutem da cidadania.

 

Praça Antonio Joâo: Tenho até medo de ver como ficará a Praça Antonio João, quando for aberta ao público no dia 7 de dezembro, conforme está previsto. Se Dourados foi amaldiçoada pelo Ervateiro, essa nossa praça central deve ter sido amaldiçoada pelo seu patrono, o tenente Antonio João, que foi simbolizado em uma escultura como se estivesse caindo, ao invés de ter sido imortalizado lutando. Mas tirando esse meu receio da maldição de Antonio João, uma coisa é certa, e muito bem feita, a empreiteira cortou a calçada ao redor da praça para assentar as guias para deficientes visuais, o chamado piso tátil. Aliás essa atitude parece-me respaldada nas leis de acessibilidade, o que faz com que todas as calçadas que estão sendo construídas em Dourdos sejam dotadas dessa benfeitoria. Uma cidade inclusiva é sem dúvida uma cidade educadora.

 

Faixas para pedestres: poucas foram as que restaram, mas ainda assim, tenho a alegria de observar que não sou o único motorista nessa cidade de Dourados que respeita a faixa. Muitos são os que param para os pedestres passarem com preferência, eu inclusive já tive a satisfação de ser respeitado por vários motoristas, inclusive dia desses meu amigo, o professor Márcio Sinotti parou para que eu passasse. Quando nos reconhecemos demos gostosa gargalhada.

 

Canto das Letras: Mais uma livraria foi inaugurada em Dourados. Canto das Letras, na Avenida Weimar Torres, é um recinto agradável onde se pode destrutar de um ponto semelhante ao que se desfruta nas grandes cidades: café, net, presentes, revistas, papéis, ambiente para crianças e livros, muitos livros. Que essa iniciativa, posta ao lado das outras livrarias de nossa cidade, possa aumentar ainda mais o número de leitores, afinal não está desgastado o velho ditado ao nos ensinar que quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê.

 

Monte Castelo do Brasil: Durante a Segunda Grande Guerra Mundial a ocupação de Monte Castelo, na Itália, pela Força Expedicionárias Brasileira, foi comemorada como uma grande vitória dos Aliados contra o nazi-facismo. Agora no Rio de Janeiro, as forças militares que invadiram e ocuparam o complexo do Alemão, fincaram no alto do Morro as bandeiras do Estado do Rio e do Brasil. Essa atitude nos faz lembrar as grandes batalhas campais, quando os vencedores fincavam as suas bandeiras, ou mesmo a chegada do homem à Lua, quando os norte-americanos fincaram lá a bandeira dos Estados Unidos.

 

Situação ambíqua: a ocupação do complexo do Alemão não deixa de ser uma situação ambígua, ou seja, dá perfeitamente para a interpretarmos em vários sentidos. Ao fincarem as bandeiras as forças militares que ocuparam o morro deixaram-nos, de um lado a constatação de uma verdadeira vitória militar e, de outro, ficou patente que os traficantes do morro constituiam-se em uma espécie de governo independente.

 

Cidade Maravilhosa: a ação que está sendo desenvolvida no Rio de Janeiro, se for seguida de uma ocupação civilizatória, ou seja, se o governo, assumir o controle da situação e dotar o Complexo com os equipamentos necessários para a melhoria da Educação, Saúde Pública e outros serviços básicos, como o esgotamento sanitário e a coleta de lixo, com certeza, trará ao Rio a oportunidade de voltar a ser considerada uma Cidade Maravilhosa.

 

Jóia Brilhante: se o Rio é a nossa cidade maravilhosa, Dourados, ao menos pelo que nos ensina o seu Hino, é a jóia brilhante do Brasil. E como nós não chegamos ao estado de precisarmos ocupar morros, aliás, nem morro temos, então parece-me, estamos no momento apropriado para retomarmos a nossa senda para o desenvolvimento sustentável, quer dizer o crescimento econômico aliado ao desenvolvimento social e com a preservação da natureza.

 

Pela enéssima vez: qualquer iniciativa que não seja eleição direta para a escolha do novo prefeito de Dourados é golpe. E em golpe não fica perfume nenhum, ao contrário, fica o fedor de coisa que já mofou, de coisa ultrapassada pela civilidade

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br