Bepi Bipolar (X): o entrevero

                

Esse Bepi Bipolar! Ora com, ora sem senso. Mas, sinceramente, está ficando difícil entender se ele está cada vez mais doido ou se é o mundo que, de tão velho, caducou. Em suas três últimas fabulosas narrativas tentou nos fazer crer que havia sido abduzido por terráqueos do futuro e quando reconduzido ao nosso Planeta Azul, impressionado com o estado calamitoso em que o encontrou no ano de 2210, pôs-se juntamente com o seu amigo Tino Sonso, a plantar árvores e a limpar córregos.

Agora, sentado à sombra de um frondoso Jamelão existente em sua Cafundó, narra para Tino alguns episódios acorridos na cidade de Dourados, onde esteve justamente nos dias do entrevero que culminou com a prisão de várias pessoas inclusive do prefeito.

- Tino, disse Bepi Bipolar, aparentando estar em seu pólo do bom senso, eu que vivi no tempo da ditadura militar tive a oportunidade de ver várias vezes a polícia chegar e sentar o cacete antes de falar bom dia. Agora está tudo mudado. A PF chega com mandato judicial, convida as pessoas para acompanhar os seus agentes e nem algemas colocam. Isso é um avanço espetacular para o nosso país.

- Bepi, respondeu Tino Sonso, você acha isso certo?

- Claro, a polícia deve ser treinada para não perder a calma. Deve estar preparada para tratar como cidadão qualquer pessoa, mesmo que suspeita. Compete à Justiça determinar a pena aos contraventores e não à própria polícia. Quanto maior o nível de civilidade de uma nação mais educada é a sua polícia.

- Tem razão Bepi. A polícia tem muito a ver com quem a comanda. Se o comandante for um troglodita a polícia tende a se comportar como tal. Mas, diga uma coisa, e o moço que deu a sapatada no vereador está certo ou errado?

- Está certo. Não, está errado. Quer dizer... Bem, a verdade é que uns aplaudem e outros condenam. Fosse eu um protegido do glorioso Santo Ivo, quer dizer, fosse eu um advogado, argumentaria em tese que, nesse caso, o cidadão arremessou não um simples pé de sapato, mas todo o peso de sua indignação. E subjacente a essa indignação direta com o vereador atingido, está a sua crença de que a impunidade impera e que a Justiça é cega e a imprensa zarolha. Em conclusão diria que o cidadão agiu da maneira como o fez, imaginando que esteja correta a máxima do filósofo ao nos ensinar que: “A Justiça é como a teia da aranha que as moscas graúdas rompem-na e vão-se”.

Tino Sonso, o inseparável amigo de Bepi Bipolar, num misto de dúvida e de compreensão balançou a cabeça e os dois ficaram por um tempo em silêncio.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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