Crônica em retalhos: o povo na rua

Responda rapidamente: O povo de Dourados está indo às ruas por ser massa de manobra ou por que as instituições não estão dando conta de se antecipar e resolver as questões que estão pendentes?

A máfia de paletó:  Não caiu bem a supressão de um capítulo inteiro do livro “A máfia de Paletó”. Pior ficou a justificativa de que uma gráfica teria imprimido o livro gratuitamente e censurado um capítulo.

Na internet: Pior ainda que o livro caiu na rede da Internet. Eu o li inclusive com o capítulo sobre os deputados. Trata-se de um relatório da arapuca que o jornalista armou para destronar Ari. Não obstante a sua importância, a obra deixou a desejar no que diz respeito à análise dos fatos e à leviandade de algumas acusações.

Desafetos: Valfrido Silva e Geraldo Resende, por exemplo, parecem ser acusados muito mais por serem desafetos do autor que propriamente por terem sido pegos praticando alguma falcatrua. Esse tipo de procedimento, aliados a outros fatores tiram um pouco da credibilidade da obra.

Dossiê Passaia: Talvez ficasse melhor intitular o livro que conta os antecedentes da Operação Uragano em Dourados como “O dossiê Passaia”. Afinal, não foi o dossiê por ele montado que desencadeou todo esse processo de prisões?

Mundo de dossiês: Se simultaneamente incendiássemos todos os dossiês existentes, a profecia se realizaria e o nosso mundo velho cansado de guerra, acabaria em fogo.  São dossiês e mais dossiês. Os políticos que perdem o seu tempo fazendo dossiês de seus colegas poderiam deixar esse tipo de trabalho para a polícia e dedicarem-se às suas atribuições.

Dourados em efervescência: jamais imaginemos que já vimos tudo nessa vida. Mesmo os de idade mais avançada ainda podem ser surpreendidos por terremotos, maremotos, erupções vulcânicas.

Sessões inacabadas: Duas sessões consecutivas da Câmara Municipal de Dourados foram encerradas por alegação de falta de segurança para a continuidade dos trabalhos. A do último dia 13 de setembro acabou virando uma batalha campal. De um lado manifestantes indignados, de outro, policiais nervosos.

Nada justifica a violência: Mesmo que alguns manifestantes tenham se excedido, apedrejando o patrimônio público, não justifica a violenta reação militar. O contingente era grande, estava equipado com escudos protetores e teria condições de exercer o seu papel sem ferir cidadãos a esmo.

Violência é reflexo: A violência policial em Mato Grosso do Sul é reflexo da truculência do governador do Estado que, em última análise, deve ser responsabilizado pelos danos causados. Quantas e quantas vezes o governador não incitou à violência policial, chegando ao extremo de mandar atirar? As consequências estão aí.

 

Editorial da Folha: Em 12 de setembro de 2010 o Editorial da Folha de Dourados estampou que: “Nem na campanha eleitoral o governador e candidato à reeleição, André Puccinelli (PMDB), controla sua incontinência verbal. Durante seu mandato chamou o professorado de vadio, trocou sopapos com cidadãos, mandou a polícia atirar para matar, ameaçou o ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de estupro em praça pública entre outras aberrações verbais que foram parar na mídia nacional e até mesmo internacional”.

             “Agora, ao invés de respeitar a dor e a indignação do povo douradense diante da corrupção vergonhosa instalada na administração municipal, Puccinelli disse à imprensa da capital que Dourados é ‘aquela cidade perdida’”.

Despreparo: Esse tipo de truculência policial ao invés de mostrar autoridade mostra despreparo. Já presenciei na TV uma força militar brasileira ter a grandeza de recuar diante de um grupo armado com pedras apenas. À medida que recuava o pelotão se defendia e ao mesmo tempo evitava o tumulto. A munição do povo indignado é pequena, algumas pedras que acabam logo. Aí então a polícia age como deve agir

Na Câmara de Dourados: Bastaria um bom posicionamento dos militares que lá se encontravam para evitar tamanha ofensa aos nossos concidadãos. Por outro lado havemos de considerar que o povo somente ocupa a Câmara ou a Prefeitura quando não se sente representado.

Cheiro de golpe: Não defendo manifestações que não sejam pacíficas, mas os manifestantes defronte da Câmara têm a atenuante de estarem indignados com a situação em que Dourados se encontra e com o cheiro de golpe que paira no ar. Notícias desencontradas desorientam a opinião pública: umas dizem que o governador deve nomear interventor, outras que a recém-eleita presidente da Câmara deve assumir, ainda outras deixam no ar outras soluções, como a posse do segundo colocado nas eleições passadas.

Comitê de Defesa Popular: De parabéns o Comitê de Defesa Popular, representado pelo arquiteto Ronaldo Ferreira que com uma pequenina arma, o microfone, impôs mais ordem do que a polícia com os seus trabucos. Algo muito pior teria acontecido se os manifestantes não o tivessem atendido e usado o microfone em substituição às pedras.

Dourados aprendendo na dor: O mais penoso dos aprendizados é aquele que se faz pela dor. Mas, de qualquer forma não deixa de ser aprendizado. Dourados está passando por um momento ímpar. É hora de interiorizarmos esse rico aprendizado. É hora de refletirmos sobre os nossos problemas.

Diretas já: Qualquer alternativa proposta que não seja a realização de nova eleição em Dourados é golpe. Protelar decisões para aguardar o resultado das eleições de 3 de outubro é golpe, decretação de intervenção é golpe, eleição indireta é golpe.

Hino à Dourados: “Eis Dourados cintilante/De labor e anseios mil/No futuro confiante/Lindo Oásis do Brasil/Eis Dourados cintilante/De labor e anseios mil/Jóia brilhante - do Brasil”

 

.   Suas críticas são bem vindas: biasotto@biasotto.com.br

* Membro da Academia Douradense de Letras; aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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