Getúlio, Figueiredo e Juscelino

 

Escrevo essa crônica no dia em que o presidente Lula visitou Dourados, 24 de agosto de 2010, exatos 56 anos do suicídio de Getúlio Vargas e redondos 30 anos após a vinda do presidente João Batista Figueiredo.

Esses três personagens têm tudo a ver com aquilo que considero os três grandes eixos do desenvolvimento de Dourados: a implantação da Colônia Agrícola Nacional – CAN – a expansão do cultivo da soja em nossa região e a implantação da Universidade Federal da Grande Dourados.

Getúlio não visitou Dourados, mas sobrevoou a região em 1941 e seu avião pousou na fazenda Pacuri no Município de Ponta Porá. Imediatamente após essa viagem Getúlio criou o Território Federal de Ponta Porá.. Sultan Rasslan conversando comigo sobre essa passagem histórica levantou a hipótese de que somente com a criação do Território de Ponta Porã é que Getúlio pôde criar a Colônia Agrícola em 1943 que foi definitivamente implantada em 1948. Nessa época em que Dourados abrangia os atuais municípios de Douradina, Fátima do Sul, Vicentina, Glória de Dourados e Deodápolis, houve uma intensa migração, especialmente de nordestinos que no anonimato da labuta diária escreveram uma das mais belas páginas do sucesso de uma reforma agrária em nosso país.

João Batista Figueiredo visitou Dourados em 1980 quando a cultura da soja já se consolidara na região uma vez que os primeiros plantios se deram no final da década de 1960 e expandiu-se no início dos anos de 1970. Não foi à toa que em sua passagem por Dourados visitou a fazenda dos pioneiros nesse setor, Arno e Waldir Guerra. Os Guerra e o Gresller, nessa época eram produtores de sementes de boa qualidade e atendiam toda a região. Figueiredo impressionou-se àquela época com o estágio de mecanização agrícola que atingira a nossa região.

Agora, nesse ano de 2010 recebemos a visita de Lula a quem devemos a criação da UFGD, depois de 25 anos de insistência. O presidente operário teve para a região e para o Brasil uma visão muito mais ampla que a do presidente que o antecedeu. Com a UFGD, Dourados inicia um novo estágio de desenvolvimento. Os investimentos nesses últimos cinco anos ultrapassaram 80 milhões de reais e, embora representem muito, o significado maior ainda está por vir.

UEMS e UFGD, exemplo único no Mundo de duas Universidades Públicas convivendo no mesmo espaço físico, acompanhadas do esforço das duas  Instituições de Ensino Superior particulares que dispomos (UNIGRAN e Anhanguera), farão de nossa região uma das que deterão o maior Índice de Desenvolvimento Humano do país. Quem viver os próximos vinte anos poderá dizer se estou correto.

Outros presidentes visitaram Dourados. Juscelino Kubitschek foi fotografado no Clube Social, que foi abaixo em virtude da especulação imobiliária que, diga-se de passagem, não prosperou uma vez que lá está inconcluso, o prédio assentado onde jaz, por toda a eternidade um dos maiores patrimônios históricos de nossa cidade.

João Goulart esteve por aqui em 1963, menos de um ano antes de ser deposto e ver implantada no Brasil a nefasta Ditadura Militar que fez milhares de vítimas, castrou as lideranças nacionais e por via de consequência promoveu uma ruptura no desenvolvimento de nossa democracia.

Depois de João Goulart, recebemos a visita do presidente Ernesto Geisel em 1976. Nessa oportunidade a Praça Antonio João foi fechada e no seu interior feito um grande churrasco que foi servido ao povo por janelas abertas no tapume. A nossa praça central ficou alguns dias em estado semelhante ao que se encontra nos últimos vinte meses, ou seja, completamente fechada. Mas, ao contrário da seca que enfrentamos nesses últimos dias, naquele dia da visita de Geisel, caiu uma chuva torrencial que obrigou o povo a comer carne molhada.

Desconheço se foi nessa visita que Geisel lançou o PRODEGRAN – Programa de Desenvolvimento da Grande Dourados. Com a palavra o ex-prefeito José Elias Moreira que sucedeu Totó Câmara (que governava quando Geisel esteve por aqui) e que recebeu em sua gestão investimentos de grande monta, transformando Dourados em um canteiro de obras, recursos esses só superados na gestão do governo Lula.

Espero poder escrever sobre a visita de muitos outros presidentes e constatar em cada uma delas avanços acentuados em nossa cidade que ainda é uma Cidade Educadora.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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