Cidade Educadora e Trânsito

            Esse nosso mundo velho cansado de guerra, felizmente, pois já não há tantas como antigamente, embora estejamos sempre sujeito a elas, é cheio de contradições. Quando nascemos, ao contrário de sorrir, choramos ou porque o ar que nos enche os pulmões arde como fogo ou porque já prenunciamos que nascemos para morrer. E para a morte o único remédio até agora descoberto é a possibilidade de uma vida eterna. Seria muito chato se uma pessoa digna e bondosa morresse e não pudesse sequer reclamar da existência de uma vida além-túmulo que lhe compensasse as boas obras praticadas na Terra.

Mas, se não há remédio para a morte, ao menos a ciência tem prolongado a vida. Ganhamos mais de trinta anos de longevidade em relação à Idade Média, pois se naquela época a média de vida girava em torno dos 35 anos, hoje grande parte dos países ultrapassa com certa tranquilidade a média de 70 anos. Poderíamos melhorar ainda mais esses índices, diminuindo a pobreza e por via de conseqüência aumentando o bem estar social, melhorando o atendimento na saúde pública, barateando o preço das drogas medicamentosas e, inclusive, combatendo o estresse que se verifica no trânsito de nossas cidades. Estresse que leva à morte tanto em consequência de acidentes do próprio trânsito quanto por provocar vários distúrbios no organismo que levam à doenças, muitas vezes fatais.

Agora, cá entre nós, não é uma baita contradição, melhorarmos o mundo, inventarmos veículos que nos facilitam a vida e essa facilidade nos levar à morte?

Dia desses recebi um e-mail com um vídeo produzido na Índia que me levou a refletir ainda mais sobre essa questão do trânsito: uma árvore cai e interrompe o tráfego. Carros, ônibus, motos, não têm como seguir caminho. O tumulto se inicia, pessoas falam ao celular nervosamente, outras gritam, gesticulam. Policiais permanecem em suas viaturas. E a árvore lá, deitada, inerte e insensível ao tumulto. De repente um menino, desce de seu ônibus escolar e, debaixo de chuva, caminha até o obstáculo que lhe dificulta a passagem. Sozinho, põe-se em posição e começa a empurrar aquela árvore, na tentativa de removê-la. As pessoas observam de longe. Outras crianças põem-se a ajudar aquele menino e daí a pouco um homem, uma mulher, vários homens e mulheres empurram, se ajudam, se mobilizam, levantam um lado da árvore, carregam-na e desobstruem a passagem.

Fim do vídeo. As pessoas se enxugam, sorriem, cumprimentam-se e saúdam o menino pioneiro. Voltam à normalidade de suas vidas.

Quando aflora o sorriso no rosto daqueles que poderiam gerar um tumulto podemos estar certos de que presenciamos um belo exemplo, um exemplo digno de uma Cidade Educadora.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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