Não creio no hexa, mas torço por ele

                        14/06/2010

De médico e de louco todo mundo tem um pouco. Verdade, mas aqui no Brasil todos também temos um pouco de técnico de futebol e nesse caso não poderia deixar de dar o meu palpite para o resultado da primeira Copa do Mundo que está sendo realizada na África.

Primeiro bacorejo, ou seja, palpite: a nossa seleção não trará o hexa campeonato e pronto, ponto final. Se bem que ao escrever essa crônica já haviam sido disputados 11 jogos e saído apenas 18 gols, ou seja, 1,63 gols por partida. E se tirarmos a partida da Alemanha teremos apenas 1,4 gols por jogo. Muito baixo o nível. Uma copa da retranca, como o Dunga gosta.

Na Copa de 2006, realizada na Alemanha eu era capaz de apostar na seleção brasileira, talvez porque naquela seleção tínhamos muito mais craques que nessa, talvez porque o técnico fosse mais experiente que o atual. Enfim, não sei exatamente a razão, mas a seleção de 2006, em minha opinião, jogaria tão bem quanto a de 1982, só que traria a Taça. Ledo engano.

Agora, em 2010, temos um técnico com cabeça dura. Ele bem que poderia ter levado Ganso, Neymar e Ronaldinho, mesmo que os deixasse no banco de reservas. Os dois primeiros, ainda muito jovens, aprenderiam a conviver com o clima de uma competição tão gigantesca, passariam a ter experiência para a próxima Copa no Brasil quando eles deverão atuar a menos que haja algum contratempo. Quanto a Ronaldinho, todos sabemos que ao contrário de Adriano e Ronaldo, ele se reabilitou e está jogando muito bem. Poderá fazer falta. 

Depois tem outra, a nossa seleção ganha em média de idade de todas as outras 32 seleções que se encontram na África. A FIFA divulgou recentemente que a média de idade da seleção brasileira é de 29 anos e 3 meses. A idade pesa nas pernas dos jogadores, especialmente nesses tempos em que o futebol alia técnica com velocidade. Para se ter uma ideia do “envelhecimento” da seleção brasileira atual basta ver que todas as vezes em que nos sagramos campeões a média de idade era muito menor: em 1958 foi 25,5 anos; em 1962, 27,3; em 1970, 24,5 anos; em 1994 e em 2002, 26,5.

Temos que levar em conta ainda que a seleção do Brasil desde 1970, quando obtivemos o tri-campeonato, é a seleção a ser batida. Todos os que jogam contra nós se esforçam como se o jogo fosse o mais importante da vida. Ganhar do Brasil tem sabor especial, fazer um gol no Brasil muitas vezes marca a vida de um jogador por mais grosso que seja.

Finalmente, não acredito na seleção simplesmente porque ela não consegue me fazer vibrar. Há uma falta de entusiasmo em relação à seleção. Talvez porque seja a mais “estrangeira” de nossas seleções, com alguns jogadores que, ao menos antes da convocação, eram completamente desconhecidos pelos brasileiros. Talvez, e o que é mais provável, é que eu seja daqueles que gosta do futebol solto, descontraído, do futebol arte como o de 1982, do futebol moleque, e o Dunga é técnico de resultado, para ele não importa jogar feio, importante é ganhar, como em 1990.

Torço para que o Dunga tenha razão, que eu esteja enganado e que possa comemorar o hexa, mas não o creio. Verdade que Coréia do Norte e Costa do Marfim não são lá essas coisas e mesmo o nosso mais importante adversário, da primeira fase, Portugal, está longe de ser a temida seleção portuguesa dirigida por Luís Felipe Scolari em 2006. Quer dizer, passar para a segunda fase não será grande problema, mas e depois?

Em 15 de junho nos defrontamos com a Coréia do Norte, se não ganharmos com três gols de diferença, adeus, adios, arrivederci bye bye, au revoi.

Mas, enfim, resta-me torcer ao invés de maldizer. De qualquer forma vai meu prognóstico: Alemanha, Espanha e Holanda, nessa ordem, são fortíssimas candidatas ao título. Se acertar tudo bem, se errar tudo bem também, pois prever o campeão da Copa do Mundo é igual a fazer previsão do tempo.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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