Acompanho nos últimos anos a comparações que tem sido feitas tanto no âmbito local quanto nacional entre as figuras de FHC, Lula, Tetila e Artuzi, não necessariamente nessa ordem.
Não faltam os que dizem que Lula deu continuidade a Planos e Projetos de FHC e que Ari seria o Lula sul-mato-grossense. São tantas e tão esdrúxulas as situações comparativas entre esses personagens que seria necessária uma abordagem muito abrangente para esmiuçar todas elas. Como essa tarefa ultrapassaria os limites de uma crônica, abordarei somente as relações existentes entre esses homens públicos e suas respectivas atuações políticas.
Fernando Henrique: bisneto, neto e filho de generais, quebrou essa sequência para formar-se em sociologia pela USP, onde foi professor até 1964, quando foi aposentado compulsoriamente pela Ditadura Militar. Seu posicionamento de esquerda no início de sua carreira política é contraditório em relação à sua origem burguesa, mas provavelmente deva-se à formação de seus familiares militares. Seu pai, Leônidas Cardoso, estava ligado ao movimento tenentista da década de 1920, que pleiteava reformas políticas para o país.
Eleito presidente da República, FHC adotou uma política contrária ao seu antigo ideal social-democrata e procurou desenvolver no Brasil a política neoliberal já ensaiada por Collor de Mello. Significa dizer que Fernando Henrique procurou colocar em prática o receituário do Estado Mínimo, a ressuscitação modernizada da teoria de que o mercado se autorregulamentaria. Ligadíssimo á Londres e Washington, promoveu uma tresloucada política de privatização que chegou ao cúmulo de vender a Companhia Vale do Rio Doce por 3 bilhões de dólares (atualmente o valor da Vale está estimado em U$ 200 bi). Só não privatizou o Banco do Brasil e a Petrobrás por falta de tempo. Suas políticas públicas davam ênfase ao empreendimento privado.
Luís Inácio Lula da Silva: bisneto, neto e filho de trabalhadores rurais pernambucanos, rompeu essa sequência para formar-se metalúrgico ascendendo à liderança sindical. Nessa época, perseguido pela Ditadura Militar, gozou da convivência de teóricos da esquerda brasileira que muito o influenciaram em sua formação política. Seu posicionamento de esquerda está na conjunção de sua convivência na miséria do sertão, sua luta sindical e a sua aproximação com a intelectualidade brasileira de esquerda.
Eleito presidente da República, Lula abandonou o seu ideal socialista, mas conseguiu implantar uma política de valorização do mercado interno, com a intervenção efetiva do Estado, seja com programas sociais, seja com investimentos
Laerte Tetila, um dos doze filhos de um funcionário público (seu pai foi inspetor escolar
Eleito prefeito, Tetila promoveu uma transformação radical na qualidade do Ensino Fundamental, valorizando o magistério e adequando a infraestrutura educacional para o oferecimento de um ensino eficiente e libertador. Promoveu a Assistência Social a uma dimensão até então nunca experimentada em todo o Estado, valorizando o ser humano e preparando-o para assumir postos de trabalhos que se abriram em grande quantidade graças ao desenvolvimento experimentado em Dourados durante a sua gestão.
Ari Artuzi, filho de camponeses riograndenses, natural de São Valentim, veio para Dourados em 1992 para trabalhar com o seu tio Dioclésio Artuzi, madeireiro que se elegeu vereador graças às suas ações assistencialistas. Com a morte de Dioclésio, Ari herdou a sua clientela política elegendo-se vereador e em seguida deputado estadual sendo que, como tal, levou ao extremo a pratica da política assistencialista e populista.
Eleito prefeito, Artuzi teve um início de gestão tumultuado, em primeiro lugar em face da dificuldade em acomodar os secretários indicados pelos patrocinadores de sua campanha e, em segundo, devido ao fato de a Polícia Federal ter promovido a Operação Owari, que revelou várias ilicitudes e que atingiu como um raio a sua administração. Dez meses foram suficientes para revelar a inexistência de Planejamento na Administração Municipal e um prefeito preocupado em atender pessoalmente aos reclamos da população. Telefone celular em punho, passa o dia dando ordens para que se tape determinado buraco, se autorize tal e tal exame, que se admita ou demita esse ou aquele servidor.
Comparar Ari com Lula é um disparate muito maior que comparar Lula com Fernando Henrique. Da mesma forma, Tetila não pode ser comparado com Ari. Nem a origem humilde de Lula, Ari e Tetila servem como parâmetros para comparações. Elas são diferenciadas em vários aspectos e, além do mais, a origem não matiza o comportamento moral de cada um e, muito menos, a ideologia política.
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
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