Livres de carros

          Leio no portal Terra – 17/05/2009 - artigo de Elisabeth Rosenthal, do New York Times, sobre experiência muito interessante que está sendo realizada em Vauban, na Alemanha, em relação ao uso do carro. Lá os 5.500 moradores abriram mão do automóvel em benefício da saúde ambiental do planeta Terra e da própria qualidade de vida de seus moradores. Locomovem-se a pé e de bicicleta em ruas estreitas e quando desejam ir à Freiburg, cidade sede do distrito que fica próximo à Suíça, recorrem ao bonde, que corta o centro da comunidade. Não obstante ser um residencial de luxo, apenas 30% dos habitantes de Vauban possuem carros, mas eles ficam guardados em estacionamentos especiais localizados em zona periférica. 

Vauban, concluída em 2006, segundo a autora do artigo, faz parte de uma tendência que se alastra pela Europa e pelos Estados Unidos e que é conhecida como “planejamento inteligente”. Milhares de pessoas no mundo inteiro e alguns governos europeus, como o caso do inglês, aplaudem e apoiam esses tipos de empreendimentos “livres de carros” (car-free), não somente pelas vantagens que já mencionamos acima, como também pela segurança e tranquilidade (no stress) que eles representam para as pessoas.

Desde a Segunda Guerra o desenvolvimento do Mundo Ocidental alicerça-se no automóvel. No Brasil, especificamente, a partir do governo Juscelino Kubitschek as fábricas de carros começaram a se instalar em nosso país e ditaram o nosso planejamento urbano e rural. O trem e o bonde ficaram estacionados em suas respectivas plataformas transformando-se em peças de museu. O ônibus jaz engarrafado nos enormes congestionamentos e o metrô insiste em caminhar por baixo da terra encarecendo custos e avançando a passos de tartaruga.  

De tal modo o automóvel impôs-se ao mercado que se transformou em sonho de consumo e de certo modo contribuiu para com o capitalismo financeiro à medida que os consumidores, para não se privarem dessa comodidade, apelam para o financiamento de carros. Não à toa, a recente e ainda vivida crise capitalista mundial atingiu como um raio o setor automobilístico e muitos governos, não vislumbrando alternativas socorrem essas indústrias e, por via de conseqüência, (re)alimentam o mesmo modelo de desenvolvimento.

Em 1997 antecipando-me à tendência atual, escrevi uma crônica intitulada “meu fusca 61” concluindo que tudo tem a sua época, mas que o carro ainda iria se tornar o inimigo número um do homem a menos que mudássemos radicalmente a política de transportes nesse país. Em 2002, se não me falha a memória, apresentei uma indicação na Câmara Municipal, para estudos de viabilidade da implantação de um Trem Universitário para a nossa cidade. Pouquíssimos foram os que aplaudiram a proposta, ao contrário, muitos até zombaram da idéia.

Não é difícil de entender, portanto, porque em Dourados a atual administração está arrancando as ciclovias: caminhamos na contramão da história.

E, para não dizer que não falei em anel viário, ele explica-se na mesma lógica do desenvolvimento da indústria automobilística, portanto não é a obra mais importante para Dourados, como nos fazem crer. É sim, uma, dentre as várias de nossas prioridades.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br