O despontar dos primeiros canaviais

O despontar dos primeiros canaviais

 

Domingo de sol, 12 de março de 2006, parei o carro, desci, fotografei os primeiros brotos do canavial que se forma em Dourados, na Placa do Abadio. De certa forma, por passar várias vezes por essa estrada, acompanhei o trabalho. Vi as primeiras máquinas chegando e tombado a pastagem, o trator de esteira erguendo os terraços dos carreadores. Vi os caminhões carregados de mudas, os ônibus trazendo os trabalhadores. Um belo e grandioso trabalho. Percebe-se claramente que as pessoas que o realizaram conhecem muito bem do ramo. Infere-se também pela qualidade da obra que não se trata de um canavial que irá diretamente para a usina, mas para gerar novas mudas, um grande canteiro multiplicador.

Os primeiros ponteiros alegram a vista e dentro de mais uns dias se parecerá ao mar, balançando ao vento. O verde tomará conta da paisagem, depois virá o amadurecimento da cana, a safra e o recomeçar de tudo. A novidade se transformará em rotina, mas a economia local sofrerá os seus efeitos.

Provavelmente estejamos assistindo à mudança de um ciclo agrícola. O gado, o milho e a soja, sucessivamente deverão ceder lugar à cana. A paisagem rural sofrerá mudanças, os caminhões graneleiros cederão lugar aos treminhões carregados de cana.

É quase certo que a invasão dos canaviais não será tão selvagem como quando foram introduzidos no interior de São Paulo. O fogo não será ateado, as fagulhas não invadirão a cidade. Os bóia frias serão poucos, não se esconderão à sombra dos canaviais para usarem o craque. Os cuidados para que os  pernilongos não proliferação serão tomados. A mecanização, já tão utilizada nessas paragens, com certeza, facilitará todo o processo. Os trabalhadores das usinas gerarão riquezas em forma de açúcar, mas principalmente de álcool, talvez até para a exportação via Porto Murtinho.

O Município de Dourados é imenso. As suas terras de campo e cerrado serão suficientes para os canaviais? As terras de mata continuarão a produzir grãos?

Essa é a grande incógnita. Se a cana for capaz de conviver com os grãos, será bem vinda e enriquecerá ainda mais o Município. Em caso contrário, ou seja, se for uma invasora agressiva que condene outras culturas ao desaparecimento, então teremos que apostar todas as nossas fichas no pólo universitário, mesmo porque o pólo agro-industrial estaria prejudicado pela falta de grãos e nós, condenados à monocultura canavieira, empobreceríamos rapidamente.

No tempo em que vivemos não se pode prescindir do planejamento. As nossas autoridades constituídas devem estar atentas aos cenários que se vislumbram no horizonte próximo para tomarem medidas adequadas ao desenvolvimento harmonioso de nosso município.

As suas sugestões serão bem vindas pelo site www.bisotto.com.br

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br