O dia internacional da felicidade

Dos pequenos pode-se esperar grandes obras. Do pequenino país encravado nas encostas do Himalaia, na Ásia, tendo como vizinhos as poderosas nações da China e da Índia, é que surgiu a ideia de se dedicar um dia do ano à felicidade. Trata-se de Butão, país que se orgulha de possuir uma das populações "mais felizes do mundo", onde a felicidade impera e se troca de bom gosto o PIB [Produto Interno Bruto] por FNA [Felicidade Nacional Bruta].  Foi Butão que propôs à ONU [Organização das Nações Unidas], em abril de 2012, que fosse instituído o Dia Internacional da Felicidade. E, com a aprovação total dos 193 países que constituem a ONU a partir de 20 de março de 2013 passou-se a comemorar o que se conhece no mundo todo como International Day of Happiness [Dia Internacional da Felicidade].

O objetivo desse dia é evitar conflitos e guerras de quaisquer naturezas, promover a paz e o bem-estar de todos os povos, contribuindo assim para com a felicidade e alegria. Uma das mensagens para o dia da felicidade é que "procuramos tanto por algo que se chama felicidade que nesta busca não percebemos quanto somos felizes. Sonhamos tanto com o impossível, que não vemos quanta coisa já é possível".

Parece que temos que buscar a felicidade em mundos distantes, em outros planetas, talvez tenhamos a ideia de que a felicidade seria um bem utópico, inatingível, seria apenas fragmentos daquilo que não atingimos em sua plenitude. Músicas, poesias, literatura, exaustivas pesquisas científicas e palpites de todo canto tentam definir o que seja a felicidade, sem, no entanto, se chegar ainda a uma conclusão. E, se não sabemos sequer definir o que é ser feliz, como poderemos viver felizes?

Ao logo dos tempos temos nos submetido a teorias de que a felicidade está dentro de nós. Será? Pode ser, conheço amigos e parentes que se dizem felizes com o que tem, com tudo o que realizaram e até com pequenas coisas como cultivar uma flor, plantar uma árvore, promovendo algum tipo de benfeitoria para o planeta.

No entanto, para se comemorar algo que merece ser homenageada até mesmo com um Dia Internacional, seria preciso, em minha maneira de entender, que a felicidade fosse uma construção política e social.

Os governantes deveriam inverter as suas prioridades, como se fez em Butão, e perguntarem-se “o que devemos estabelecer como metas para que o nosso povo seja feliz? ”. Normalmente assistimos ao contrário, governantes pensando apenas em números, em crescimento econômico atingido apenas por poucos. Pensam em PIB elevado, mas o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] não é motivo de discussões acaloradas na maior parte dos países.

Por sua vez a sociedade, ao admitir que a felicidade seja algo de dentro de cada indivíduo, exime-se de promove-la. Em sua Balada da Caridade, o padre Reginaldo Manzotti nos pergunta: “Como posso ser felizSe ao pobre meu Irmão, Eu fechei meu coração. Meu amor eu recusei? ”

Mas, da mesma forma que entendo que a felicidade não é apenas uma conquista individual, também entendo que individualmente não devemos sair por aí dando, por exemplo, uma telha para o irmão em cuja casa a chuva entra pelo telhado e faz “lama pelo chão”.

A pergunta que não quer calar: “para que servem afinal os governantes? ” Ora, em última análise, eu responderia, para promover a felicidade de seu povo. E como? Promovendo o desenvolvimento econômico e social de seus país; oferecendo o bem-estar social e a segurança ao povo em geral; oferecendo oportunidades a todos, com saúde, educação e cultura.

Quando as necessidades básicas de um povo são atendidas [saúde, educação, moradia, alimentação, transporte e cultura] se torna muito mais fácil encontrar, aí sim, a felicidade dentro de nós. Para tanto se torna necessário aprofundarmos as nossas reflexões sobre a questão política. Se quisermos a felicidade coletiva temos que saber escolher entre as propostas apresentadas pelos candidatos ao governo. Não serão governos defensores do liberalismo econômico ou o neoliberalismo que nos trarão felicidade, mas sim aqueles que defendem, no mínimo, o estado de bem-estar social.

Essa é minha maneira de pensar, não desejo mudar-me para o Butão, mas continuar buscando a felicidade por aqui mesmo, defendendo a constituição de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais igual. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br