Visitando centenas de bons amigos

Poemas e músicas nos ensinam a importância do amigo em nossas vidas. Ainda no curso ginasial já aprendíamos que “amigo é o que nos procura simplesmente por sentir, prazer, descanso, ventura, em nos ver e nos ouvir”.

Mas, além da amizade existe a saudade e por isso resolvi visitar algumas centenas de amigos. De início um amigo me diz que “a história é o estudo do passado para melhor compreensão do presente e para que se possa ter uma visão do futuro”. Apesar de tantas outras definições existentes reconheço nesse conceito o suporte às minhas projeções, a exemplo de os governantes eleitos virem a ser bons ou ruins para esse ou aquele segmento da população.

Em seguida encontro dois amigos em conflito de opiniões, um diz que “a história acabou”, outro que “a história continua”. Fico com o último e vou adiante para me encontrar com dois ingleses, um falando sobre sexualidade e outro sobre a prostituição. Advirto-os dos tempos sombrios, quando não é de bom tom falar sobre essas coisas. Parece-me, pelas circunstâncias atuais, que devemos crer que crianças são assexuadas e que são trazidas para os lares por incansáveis cegonhas.

Eis um amigo francês, falando sobre a destruição de Dresden, bombardeada em poucas horas. Ah, meu amigo, atualmente não se precisa sequer de bombas para destruir até mesmo nações inteiras, bastando a aplicação de golpes jurídicos-parlamentares e colocando em prática políticas antidemocráticas assemelhadas ao nazi fascismo.

E não poderia faltar um amigo falante de alemão que veio me contando sobre um “processo” que levou um cidadão à morte depois de passar a vida tentando saber ao menos do que se tratava. Lembrei-me do depoimento de Lula [14/11/2018] à juíza Gabriela Hard, indicada por Moro para substituí-lo, quando ele disse que pensou estar lá por ser acusado de possuir um sítio e ela de pronto respondeu-lhe que era pelas reformas do sítio. E Lula, que já havia sido condenado por possuir um tríplex que não era dele e pelas reformas que nem foram realizadas no mesmo tríplex, teve que seguir respondendo.

Mas, sobre processos socorreu-me a amiga Aghata, fazendo-me lembrar do surpreendente final provocado pela “testemunha de acusação”.

Sigo cumprimentando um a um, todos esses meus amigos e eis que me deparo com uma contando-me “as belas mentiras”, ou seja, desvelando a “ideologia subjacente aos textos didáticos”. Não deixo de elogia-la, mas informo-lhe que na atualidade ela poderia desvelar também as tais das fake news, essa disseminação de notícias falsas que levam até à eleição de presidentes.

Passo por um grupo de amigos engruvinhados, são poucos, mas queixam-se de terem sido abandonados sob goteiras. Reconheço que dos amigos não se deve esquecer, então, com muito cuidado, restituo-lhes a dignidade para poderem continuar ensinando.

São muitos os amigos que afaguei durante vários dias e eis que me encontro com um de 1981, defendendo as Universidades Públicas. Conta-me ele que o presidente da República [João Figueiredo] decretou que até 31 de dezembro de 1982 não se poderia abrir nenhum curso de graduação no país e que, o recém nomeado ministro da Educação, General Rubem Ludwig deveria proceder a “ampla reorganização administrativa” no Ministério. O ponto central dessa reorganização era a “implantação do ensino superior pago nas escolas oficiais”. Ah, se esse amigo soubesse o quanto já foi feito para o sucateamento do ensino público nos governos FHC e Temer... e talvez o pior ainda esteja por vir.

Encontrei-me ainda com o amigo Fernando Haddad que, acompanhado por nove ilustres pensadores, discutia “Desorganizando o Consenso”. Deu tristeza saber que perdeu a eleição....

Um marxista me diz: “de cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade”.

Foi um passeio e tanto. Viajei pelos quatro cantos do mundo, ouvi histórias modernas, antigas e medievais, revisei a “Ética na Política”, vi teatro e declamações de poemas... e por falar em poesia, encontro o amigo poeta conversando com uma “índia velha”, mas eis que toca a campainha e corro para atender o menino índio pedindo “pão velho”. Olho-o com olhos tristes, pois passa-me pela cabeça o que o espera: “nem pão e sequer mais um metro de terra, em nosso país todos serão tratados como iguais, portanto, vá competir e ter méritos”.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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