A base de Alcântara: espaço de nossa soberania

Alcântara, no estado do Maranhão, foi escolhida para ser a base do centro aéreo espacial brasileiro. Criada em 1983, no governo do último ditador militar João Figueiredo, somente entrou em operação em 1989, no governo de Sarney.

Antes de Alcântara tínhamos Barreira do Inferno como base, no Rio Grande do Norte, mas lá não havia como expandir a área devido ao forte povoamento em seu entorno. Próxima à linha do Equador, Alcântara constitui-se em base de relevante importância estratégica, não somente do ponto de vista militar, mas especialmente porque o lançamento de foguetes para o espaço desde Alcântara economiza cerca de 30% de combustível. Significa dizer que, além da economia em termos financeiros, cargas mais pesadas podem ser mandadas para o espaço.

Por ser uma das melhores, senão a melhor base para lançamentos de foguetes do mundo, em 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, houve intenso interesse norte-americano para utiliza-la. Negociou-se à época um acordo em que os Estados Unidos pagariam um aluguel pela utilização da base, todavia um dispositivo contratual exigindo que nenhum brasileiro pudesse inspecionar as ações norte-americanas, inviabilizou o acordo.

Em 2003, no governo Lula, quando faltavam três dias para o lançamento de um foguete genuinamente brasileiro, um lamentável acidente ocorreu: segundo a Aeronáutica, um detonar de partida, não se sabe até hoje como, provocou um incêndio que atingiu o combustível e se alastrou, destruindo completamente o Veículo Lançador de Satélite [o foguete]. Mas, ao invés disso, não teria havido sabotagem? A conclusão da Aeronáutica é de não houve, embora tenham surgido àquela época várias teorias de que Tio Sam teria sabotado o lançamento, pois o mesmo Veículo Lançador de Satélite produzido no Brasil poderia servir para o lançamento de mísseis [Veja a respeito “Sabotagem de Tio Sam, artigo de Carlos Chernij, na Revista Superinteressante, 31/10/2016].

 De qualquer forma o esforço brasileiro no programa espacial que se desenvolvia desde o início dos anos de 1980 sofreu um prejuízo incalculável, não só pelas perdas materiais, mas especialmente em virtude da comoção causada pela trágica morte de vinte e um brasileiros, técnicos e engenheiros altamente especializados, que estavam no local.

Durante os oito anos do governo Lula, graças a posição brasileira de desenvolvimento de uma política de soberania nacional inclusive no setor aeroespacial, os Estados Unidos abstiveram-se da tentativa de utilizarem-se da base de Alcântara, mas em 2013, no governo Dilma, houve nova tentativa, desta feita inviabilizada porque a relações diplomáticas Brasil e USA azedaram quando se descobriu que a CIA [Central Intelligence Agency]  grampeou a nossa presidente e queria livrar-se dela especialmente porque o Brasil decidiu comprar os caças suecos ao invés dos norte-americanos fabricados pela Boeing.

Há uma relação direta entre a venda da EMBRAER para a Boeing e o próprio golpe que destituiu Dilma do poder. Quando o Brasil, ainda no governo de FHC, abriu a licitação para a compra de caças, houve a concorrência da Boeing e Gripen. Nem FHC, nem Lula, fizeram a opção de compra, Dilma fez, especialmente porque a empresa sueca aceitou transferir tecnologia para a Embraer. Fácil entender o porquê de os Estados Unidos estarem por trás do golpe de 2016: não conseguiram Alcântara, nem nos vender os aviões caça.  

Com o governo Temer, existem negociações adiantadas para que os Estados Unidos se estabeleçam em Alcântara. Quais seriam os interesses dos dois países? Os norte-americanos precisam dessa base? A resposta é não, eles possuem a base de Cabo Canaveral, de onde podem lançar quantos satélites quiserem, têm mais de 700 bases militares espalhadas pelo mundo, além de porta-aviões muito bem equipados que singram todos os mares.

Se instalados em Alcântara os norte-americanos poderão controlar o Brasil, impedindo-nos do exercício de uma política externa independente. Alcântara, pré-sal, Embraer, Banco dos BRICS, Mercosul, Unasul [União das Nações Sul Americanas], tudo pro beleléu.

As recentes visitas do vice-presidente e do secretário de defesa dos Estados Unidos ao Brasil me deram calafrios. Minha esperança é que com a eleição presidencial voltaremos a traçar o nosso destino.

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