Dadas as suas proporções, sua gravidade e repercussão em toda a sociedade, a greve dos caminhoneiros recebeu cobertura jornalista preferencial. Acompanhei apreensivo, observando como as emissoras de rádio e televisão pautaram o evento, falando, mostrando, ou omitindo e silenciando sobre o assunto.
Perplexa, a mídia demorou até tomar um rumo, a princípio a ignorância, refletida especialmente por aprendizes de feiticeiros, que só sabem atalhos e não o caminho, deturpou a avaliação, mas logo a grande mídia passou a cobrir o evento segundo o seu posicionamento ideológico, que defende sem escrúpulos o neoliberalismo econômico e, por via de consequência, abstém-se de olhar outras faces da situação.
Embu das Artes, especialmente para a Globo News, tornou-se o centro da greve, outros bloqueios em estradas foram registrados, mas muitos omitidos, principalmente se não estivessem próximos às capitais dos estados.
De início os grevistas foram tratados respeitosamente, o que não tem sido costume quando diz respeito a greves, mas como desde o primeiro dia já se vislumbrava a possibilidade de as transportadoras [que devem 52 bi em impostos] estarem também envolvidas no movimento [locaute], explica-se a atitude da mídia.
Em relação as infiltrações intervencionistas, de início houve uma tolerância. Em verdade ninguém sabia no que daria a greve, nem governo, imprensa, o povo em geral e até mesmo os caminhoneiros. Então tolerou-se o movimento pela volta do regime militar, como um trunfo em caso de o caldo engrossar ainda mais. Somente após o término da greve e a própria recusa do exército em intervir é que os meios de comunicação se puseram contrários ao intervencionismo militar.
Quando as infiltrações se davam espontaneamente alguns órgãos de imprensa procuravam atribui-las às esquerdas. Colossal paradoxo, no início da greve esses mesmos meios de comunicação cobravam uma postura da esquerda em favor da greve. O que se tem de fato é que Centrais Sindicais e Sindicatos apoiaram a greve com ressalvas, inclusive a FETEMS distribuiu nota tornando muito claro que apoiava a greve, não o locaute ou a intervenção militar.
O foco da imprensa esteve na relação custo do óleo e preço do frete, não na política de preços da Petrobrás. Esqueceram dos preços da gasolina e do gás e, tardiamente, disseram que o subsídio ao óleo transfere o custo para o povo, inclusive com corte no SUS e Educação.
Ignorada também foi a repercussão da greve no exterior. Somente tive a oportunidade de ver algumas manchetes de jornais internacionais na Record. Parece-me correto inferir que a falta dessa cobertura se deva justamente ao fato de que o desabastecimento na Venezuela é constantemente criticado. Seria difícil explicar.
O jornalismo brasileiro, via de regra, deixou de ser investigativo. O que se divulgou largamente foram declarações oficiais e as entrevistas resumiram-se a dar voz ao governo [executivo e forças armadas]. Qual a grande liderança dos caminhoneiros entrevistada, senão o da Associação Brasileira de Caminhoneiros, filiado ao PSDB, e que veio para dizer que a greve tinha acabado e acusando infiltrados? Por que não houve entrevista com as Centrais Sindicais para que o povo soubesse o posicionamento de cada uma? Por que somente após dez dias a ministra Carmen Lúcia veio à público para defender a democracia?
Faltou profundidade, a política de preços não foi devidamente esclarecida. Aqui ou ali, havia uma ligeira comparação dos preços atuais com os praticados nos governos petistas, insinuações superficiais e maldosas. Seria preciso dizer que a cocada é feita do coco do coqueiro, ou seja, qual a diferença entre a política de preços no governo petista e do governo Temer? Qual o custo real do petróleo para a Petrobrás? O preço deve ser calculado pelo custo de produção mais impostos, mais o lucro, ou pela cotação do dólar? Se for pelo dólar, a quem beneficia, a quem sacrifica? O refinamento do óleo fica mais barato nos Estados Unidos, por isso as refinarias brasileiras estão parando?
Faltou dizer que o cadáver insepulto desse governo destrói a soberania nacional e a estabilidade social e institucional do país. A solução do problema foi dada ao vivo na Globo quando um baiano declarou a uma repórter constrangida: “o jeito é prender o Temer e soltar o Lula”.
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
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