Porque é Natal

Em 24 de dezembro, o dia em que o sol se encontra mais longe das terras do Norte Europeu, com frio intenso, com mais de 30 graus abaixo de zero, o xamã viking acende a fogueira e enfeita um pinheiro para pedir que a luz vença as trevas. Escolhe em seguida o mais forte dentre os guerreiros e o encaminha para caçar o urso branco, símbolo da força. De volta da caçada, trazendo o enorme urso em seu trenó, o jovem guerreiro vinha com a barba recoberta pela neve branca. Mal suportando o frio, para aquecer-se, o guerreiro tinha o direito de recobrir-se com a pele do urso, ficando a parte peluda do lado interno de seu corpo e a outra parte, ainda recoberta de sangue pela parte externa. Estava criado o papai Noel: barba branca, traje vermelho, trenó. Grandiosa era a confraternização que se fazia. Séculos se passaram até que, com as invasões bárbaras, essa festa espalhou-se pela Europa, então dominada pelo Império Romano.

Ao expandir-se pela Europa, já predominantemente cristã à época das invasões bárbaras, a Igreja Católica procurou acabar com essa festa pagã, no entanto, por não conseguir, adaptou-a. São Nicolau, um bispo turco que teria ofertado um saco de moedas para que um pai não vendesse a filha como escrava, passou a ser lembrado como um homem bondoso, que batia à porta das famílias para oferecer-lhes algo nesse dia de inverno tão rigoroso. Assim, o caçador viking foi substituído, no século 4 e o Natal comemorado em toda a cristandade.

Em 1931 o marketing da Coca-Cola descobriu no papai Noel um nicho para vender o seu produto mesmo durante o inverno europeu e norte-americano e, por isso, aperfeiçoou os trajes de Noel deixando-o com o formato atual.

Papai Noel domina o Natal. O bom velhinho está praticamente em todos os lares, nas lojas, nos shoppings, na televisão, nos anúncios de rádio, no pensamento das crianças que esperam ansiosamente pelo seu presente, ao menos enquanto não conseguem descobri-lo escondido em algum canto da casa. E o menino Jesus? Não é no dia 25 de dezembro que se comemora a data de seu nascimento? A data máxima da cristandade não é afinal o dia de nascimento do Menino Deus?

Na verdade, não se sabe exatamente a data de nascimento de Cristo. Especula-se que não tenha sido em dezembro, mês de intenso frio no hemisfério Norte, tornando temerária a hipótese de Maria ter dada à luz em uma estrebaria. Mas isso é de somemos, importante é ressaltar que a comemoração do nascimento de Jesus coincide com o solstício de inverno, ou seja quando as horas de luz começam a durar mais durante o dia.

O solstício deu origem a várias festas pagãs, não somente a dos vikings, citada acima, mas também outros povos, assim como os celtas, comemoraram essa data. Mitra era um deus solar e as saturnálias romanas, homenagem a Saturno, deus da agricultura, também se davam nessa época.

Tão importante eram as comemorações pagãs que o imperador romano Aureliano, decretou um culto ao sol, em 274. Pouco mais de um século depois, Santo Agostinho, importante formulador de doutrinas cristã, muito perspicaz, combatendo as festividades pagãs e ao mesmo tempo incorporando-as ao cristianismo, formulou a ideia de que não se deveria comemorar o “nascimento” do sol, mas sim o nascimento do criador do sol.

Assim temos o Natal, de Noel e de Cristo. Não obstante a importância de Noel, que inspira fraternidade, com união de pessoas em torno de uma festa e com a distribuição de presentes que originariamente poderiam significar a distribuição de riquezas, o valor de Jesus Cristo é infinitamente maior: além de pregar a igualdade pregou o amor.

Nesses tempos de tanto ódio é bom termos o Natal de amor. O ódio é corrosivo, o amor constrói. O ódio alimenta a intolerância, a injustiça, a guerra, o terror. O amor alimenta a bondade, a compreensão, o entendimento, a justiça, a paz.

Porque é Natal, o burburinho cresce, familiares e amigos confraternizam-se. O “amigo secreto” não somente ameniza as despesas com presentes, mas evita ressentimentos. É festa, é alegria. Mas é necessário também um pouco de silêncio em hora apropriada, uma pausa para a reflexão, alguns minutos para um balanço anual de nossas vidas. Porque é Natal, vou ouvir a “Cantata de Natal”, gravada em CD pelo Coral Guaraobi.

Feliz Natal. Amém.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br