Voz da Montanha do Vale Itoupava

Li com entusiasmo a obra de Adilvo Mazzini, “Voz da Montanha”, que recupera a sua história familiar e, com ela, a história dos imigrantes do Vale Itoupava, Santa Catarina, onde nasceu. O narrador da história de família de imigrantes oferece uma ampla ideia do que passaram aqueles que deixaram as suas respectivas terras em busca de uma vida melhor.

Pensava em resenhar a obra de Adilvo, o nosso maestro, mas que me perdoem os leitores, não quero tirar-lhes o prazer dessa leitura. Mudei repentinamente de ideia e passei a pensar no que foram os imigrantes e o que são os seus descendentes. Desejo apenas aproveitar-me dessa obra, a começar pela Canção do Imigrante Italiano que, após trinta e seis dias em trem e navio, chegavam para descobrir o que seria “essa América”. Seria um belo ramalhete de flores? Para a decepção geral não encontravam nem sequer o capim para fazerem um leito e dormiam sobre o chão desnudo. “América, Mérica, Mérica // que coisa será esta América? ”.

Hoje os descentes dos imigrantes, omega replica fake cartier watches uk cheap omega replica não desejam mais saber como será essa América, mas o que será dessa América.

Eu, particularmente, estou indignado. Jamais acreditei que ao aproximar-me dos setenta anos ainda seria testemunho de tantos descalabros. Quando Temer anunciou cinquenta e sete empresas a serem privatizadas confesso que não chorei por pouco. Que absurdo! Gerações e gerações de trabalhadores e empresários nacionalistas construírem uma riqueza incomensurável, como empresas fornecedoras de energia, todas interligadas; Companhia Siderúrgica Nacional, para dar sustentação à nossa indústria pesada; empresas de extração de minério, a exemplo da Vale; tudo vendido a preços abaixo do valor de mercado. Agora, o pouco que ainda nos resta está sendo posto à venda. Nossa segurança energética, com a possível privatização da Eletrobrás, está em risco; nossa riqueza petrolífera também na mira dos vendilhões da pátria. Quer saber o caro leitor como me sinto e como penso que deveriam sentirem-se todos os brasileiros que amam esse país abençoado: sinto que estou sendo vendido junto.

Está mais do que provado que privatizar é como enxugar gelo. Fernando Henrique Cardoso, o rei da privataria tucana, está perdendo o trono. No que deram as suas privatizações? A dívida pública em seu governo ao invés de diminuir aumentou, os serviços públicos foram sucateados, em especial as universidades que, ao final de seu mandato, tinham perdido oito mil vagas. Eram oito mil professores contratados a título precário, por aulas ministradas, ao contrário dos professores efetivos, que além das aulas têm a missão de pesquisar e fazer extensão universitária.

Agora o governo Temer já autorizou as universidades a cobrarem por cursos de especialização. Se ficar no poder mais alguns meses cobrará também pelos cursos de graduação, mestrado e doutorado, na contramão dos países Europeus que oferecem praticamente 100% de ensino universitário gratuito.

E que dizer da reforma do ensino, feita por medida provisória, para deformar estudantes e não os formar cidadãos? Agora me vem o governo com a proposta de fixar um teto salarial em cinco mil reais para os funcionários públicos. Que funcionários cara-pálida? Para os juízes, delegados federais, auditores fiscais, procuradores, ou para a arraia miúda, incluindo-se aí os professores universitários? Não é o desmonte? O professor cursa quatro, cinco, ou seis anos de graduação, um ano de especialização, dois para o mestrado e quatro para o doutorado, anos e anos de cursos superiores e vai ganhar cinco mil? Então o ministro da educação, que está literalmente arrebentando com o ensino público, diz que 5 mil é pouco para um professor universitário. Como diria a minha avó: salvou uma alma do purgatório.

Não vou falar do desmatamento da Amazônia e do Maranhão, da abertura para que o capital estrangeiro compre quanta terra quiser no Brasil. É de chorar.

Vender até a Casa da Moeda? Diminuir 10 reais do salário mínimo? O que esse governo está fazendo não é política pública, é incapacidade, é vender aquilo que ele não construiu.

Salvo engano, a redução dos juros em 2% geraria, em um ano, o valor que daria para comprar três Eletrobrás, ao preço que querem vende-la. Em compensação à redução de juros, incentivar a geração de empregos e a poupança interna.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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