Coisas de outros mundos

Bepi Bipolar deve ter sido um leitor assíduo, mesmo porque lá em seu Cafundó pouco havia para se fazer. O problema é que sendo bipolar, quando em seu polo non sense, misturava as coisas e não raro desentendia-se consigo mesmo. Sua grande sorte era ter um amigo que o ouvia serenamente, quase sempre concordando com as suas fabulosas histórias.

            Na ocasião em que narro esse diálogo, Bepi Bipolar devia estar em seu polo non sense, parecia ser uma metralhadora giratória atirando palavras ao seu atento amigo Tino Sonso. Dizia que os habitantes da Terra eram originários de outros planetas e que Erich von Däniken haveria de ser reconhecido por seus críticos.

Tino Sonso interrompeu o amigo e desdenhou dos livros “Eram deuses astronautas” e “De volta ao mundo das estrelas”. Pura ficção, dizia Tino, temos outras teorias muito mais consistentes sobre a origem do homem na Terra do que essas. Não que von Däniken seja um charlatão, mas um ficcionista que ancorou os seus trabalhos em produções da própria humanidade. Como essas produções eram difíceis de serem explicadas pelas condições em que foram feitas, atribuiu-as aos deuses, a exemplo das pirâmides e das esculturas existentes na ilha de Páscoa.

Bepi bipolar, agora visivelmente em seu polo non sense, retrucou veementemente o amigo dizendo que existiam outras dezenas de exemplos que o levavam a crer que algumas invenções, histórias e teorias eram coisas de outros mundos, ditas ou feitas por extraterrestres em forma humana, ou humanos diretamente inspirados ou ensinados por seres de outros mundos.

Começou por citar a história do super-homem, segundo Bepi, não um personagem de ficção criado na década de 1930, mas uma história verdadeira, da vinda de habitantes do planeta Krypton, que  teria existido realmente e que, pouco antes de sua explosão, enviou uma nave para a Terra com centenas de pessoas superdotadas que se espalharam pelo mundo. Joe Shuster e Jerry Siegel sabiam disso, mas para não serem chamados de loucos, usaram o homem de aço como subterfúgio.  Depois citou Leonardo da Vince, como um ser genial, oriundo de outro mundo, pois as idealizações que deixou eram superiores à capacidade de criação de seus contemporâneos, inclusive a ideia do submarino que, em 1870, foi complementada por Júlio Verne em suas “Vinte mil léguas submarinas”.

E na história de Ali Babá, continuou Bepi Bipolar, como era possível na época de sua criação, sabe-se lá há quantos mil anos, prever que com o som da própria voz poder-se-ia abrir uma porta? Abre-te-Sésamo, fecha-te Sésamo, só pode ser obra vinda de outros mundos onde já existiam portões eletrônicos, fechaduras magnéticas, aparelhos capazes de funcionar por comandos de voz, como os celulares atuais. Ora, ninguém consegue ser infinitamente superior aos conhecimentos de sua época. Essas minhas citações, disse Bepi, são coisas que já existiam em outros mundos, contadas em forma de histórias ficcionais para que os seus autores não fossem considerados loucos. São coisas muito diferentes da criação de uma história de ficção, como “A bela adormecida”, a “Divina Comédia” ou mesmo “Os cavaleiros da Távola Redonda”. Essas obras, por mais fantásticas que possam parecer, estavam ancoradas na realidade vivida ou pensada em suas épocas, mas abrir a montanha com simples palavras ou imaginar um navio viajando no fundo do mar, duzentos anos antes de ser inventado o submarino são coisas de outros mundos.

Tino Sonso, que sempre concordava com as fabulosas histórias de Bepi, desta feita assumiu uma postura que pareceu irônica: está correto Bepi, disse ele, só que você citou apenas exemplos vindos de mundos mais desenvolvidos do que o nosso. E as coisas que nos vem de mundos inferiores? Veja por exemplo, alguns julgamentos de nossos tribunais superiores? E o golpe que derrubou Dilma, veio de onde? Não lhe parece ter vindo da Transilvânia, para colocar na presidência o homem que, juntamente com os demais vampiros que vieram junto, procuram sugar o sangue dos trabalhadores brasileiros? E de que planeta viriam os bombardeios que esburacam nossa Cafundó e Dourados, a cidade que já é conhecida por buracolândia?

Fim de papo. A esse cronista, por acreditar que o diálogo entre Bepi e Tino é que foi coisa de outro mundo, só restou reproduzi-lo. 

IWC Replica IWC Replica Watches Cartier Replica Breitling Replica Rolex Replica Watches

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br