Minha m�e e minha p�tria amada

O segundo domingo de maio é reservado às mães, embora dificilmente passe um único dia sem que apelemos ou nos lembremos delas. Ela nos dá à luz, nos amamenta, nos acalenta, espanta os nossos medos, conduz os nossos primeiros passos. Ela é quem primeiro nos conforta, chora por nós se nosso caminho nos conduz a desencontros, mas também é a primeira a nos sorrir, a alegrar-se se encontramos na caminhada da vida o sucesso que ela sempre nos desejou.

Em homenagem à mãe, Toquinho cantou que “ela é a palavra mais linda / Que um dia o poeta escreveu / Ela é o tesouro que o pobre / Das mãos do Senhor recebeu”. E, na mesma canção, lembrando-se do chinelo na mão, não hesita em dizer que se pudesse começaria tudo de novo. Não só Toquinho, mas qualquer um de nós, quando atingimos a maturidade e, principalmente, depois que a nossa mãe se vai desse mundo, lembramo-nos dela com ternura e, se pudéssemos, voltaríamos no tempo e deixaríamos de fazer as malcriações que uma vez ou outro fizemos.

O chinelo na mão, na mão permanecia na maioria das vezes, apenas balançava ao ar em forma de ameaça, mas vez ou outra era ele, o chinelo, ou a própria palma da mão, que nos fazia distinguir o certo do errado. E, assim que crescíamos, que tomávamos consciência da vida, o chinelo ia sendo substituído por conselhos, por boas palavras e bons exemplos que faziam de nós cidadãos.

Não falemos de exceções, das mulheres que renegam o que geraram, essas não são mães. Mãe e a que dá sem exigir, sem esperar receber absolutamente nada, embora muitas vezes necessite de alguma coisa de seus filhos. Mas não pede, se lhe retribuímos algo na sua velhice estará bem, se a abandonarmos encontrara uma justificativa para não nos culpar. Continuará nos amando.

Por esse incomensurável amor que as mães nos dedicam, pela grandeza em oferecer-nos tudo o que tem sem pedir-nos qualquer retorno, é que nos habituamos a denominar tudo o que é bom demais de mãe: “mãe terra”, “mãe natureza”, “pátria mãe”. “Ó Pátria amada, idolatrada, salve salve...”

Mas quanta ingratidão. Para as nossas mães a primeira coisa que damos são as dores do parto, depois sugamos seu leite, tiramos o seu sono. Da mãe Terra tiramos o pão de cada dia, tiramos a fertilidade de seu solo, assoreamos os seus rios, que são as veias que a alimentam, poluímos o seu ar, arrancamos as suas matas, entupimos os seus poros com massa asfáltica, envergamos o seu eixo com o peso do concreto que ergue torres e mais torres, querendo alcançar o céu, novas torres de Babel.

Sobre a “pátria mãe”, o próprio Hino Nacional lhe reserva um belo exemplo: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil”. Também o Hino da Independência reserva à pátria a designação de mãe: “Já podeis, da Pátria filhos //
Ver contente a mãe gentil”.

A mãe de carne e osso, a mãe natureza, a pátria mãe gentil, não tem absolutamente nada a ver com as nossas malcriações, com os nossos desvios, com os nossos desatinos. Se dependesse apenas delas seriamos todos felizes. Mas eis que vez ou outra surge dentre nós filhos gananciosos, brutos, cruéis. Gananciosos porque transformaram o machado, um instrumento capaz de decepar uma ou outra árvore, para lhes fornecer o fogo amigo, em motosserras devastadoras de matas inteiras para gerar lucro. Brutos porque impõe à força os seus ideais. Cruéis porque torturam, matam, entendendo que os meios justificam os fins.

Então surgem as guerras, as ditaduras sangrentas e a “pátria mãe” envergonhada sorve o sangue de muitos de seus filhos. Mas como não há somente maldade entre os homens, surgem aqueles cujo amor não destruiu o humanismo. Surgem as resistências, mesmo que sejam em versos que escapam à própria censura, elemento indispensável nos regimes de exceção. E aparece Chico Buarque  “Oh, musa do meu fado // Oh, minha mãe gentil // Te deixo consternado // No primeiro abril”. E aparece Vandré: “E eu que já fui até soldado // Hoje muito mais amado // Sou chofer de caminhão”. E aparecemos todos os filhos que clamam por paz, por honestidade, por um mundo mais justo e fraterno. E aparecemos nós, os filhos que clamam por liberdade, democracia, justiça social.

“Verás que um filho teu não foge à luta”.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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