Entre o maravilhoso e o assustador

Juntando algumas maravilhosas tecnologias já disponíveis, com previsões plausíveis para um futuro próximo, procuro nessa crônica, retratar uma realidade que se avizinha.

As vacas com seus úberes enormes ruminam à sombra de um barracão onde dispõe de água, levemente esquentada para facilitar a  digestão dos alimentos, balanceados com precisão e ingeridos diretamente no cocho onde foram despejados por máquinas computadorizadas que, ao lerem o chip dependurado no pescoço de cada uma delas controla a quantidade de ração a ser despejada, de acordo com a sua produtividade.

Comem, bebem e, pelo menos três vezes ao dia, quando os úberes começavam a incomoda-las, dada a quantidade de leite acumulado, dirigem-se à ordenha onde entram e são ordenhadas por robôs. Cada vaca produz em torno de 60 litros diários que, após resfriados, desnatados e envasados automaticamente em invólucros de 1 litro, são conduzidos por meio de esteira a uma caminhonete refrigerada que, quando cheia, aciona automaticamente o piloto automático dirigindo-se ao supermercado onde descarrega a produção diária. Terminada a descarga, lido o código de barras das embalagens, o computador daquele supermercado faz a transferência do valor daquela entrega diretamente na conta do produtor.

Esse supermercado, além do cadastro dos fornecedores, possui também um cadastro de seus consumidores, que autorizam previamente a entrega de produtos quando lhes esteja faltando. Dotadas com câmeras capazes de ler o que esteja em falta, os computadores das geladeiras enviam mensagens ao supermercado e um de seus robôs providenciam a entrega.

Com sapatos semelhantes a patins, dotados de sensores que lhes possibilitam a locomoção, o robô parte para a entrega. Ao chegar na casa do solicitante seus chips comunicavam-se com o chip do cão robótico e este permite a entrega dos produtos ao robô administrador da casa.

O leite, o presunto, a goiabada, tudo reposto, os moradores, ao chegarem, podem lanchar sem precisarem outra providencia senão verificar o débito automaticamente lançado em suas contas bancárias.

Três ou quatro anos atrás li um livro, cujo título e autor não consigo me lembrar, embora lembre-me bem do seguinte contexto. Um pai dirige-se à uma rede de supermercados, onde a família tinha cadastro, para reclamar de que estava recebendo mensagens daquele estabelecimento com propagandas para enxoval de crianças. Encaminhado ao departamento de marketing foi informado de que a sua filha estava grávida e que, portanto, justificavam-se as mensagens. A questão estava em saber como o supermercado sabia antes que ele próprio que a filha estava esperando um bebê. Simples, respondeu-lhe o chefe do departamento, geramos arquivos sobre tudo o que a sua família compra conosco e, pelo histórico, podemos saber, antes mesmo que você, as necessidades de seu lar.

Quando fazemos um cartão em determinada loja, não estamos apenas e simplesmente garantindo a nossa fidelização àquela empresa, mas estamos possibilitando-lhe que armazene as nossas preferências e que, a partir delas, passem a nos oferecer produtos relacionados a elas. Um exemplo simples: se compramos todo o mês uma orquídea em determinada loja e deixamos de compra-la por dois meses, não é de admirar que recebamos ofertas promocionais de orquídeas, mesmo que a firma não demonstre conhecer a nossa ausência.

Na área da saúde a odontologia revolucionou o tratamento dentário substituindo as antiquadas dentaduras por implantes que possibilitam alimentação saudável aos idosos. E a informática e a robótica permitem à medicina realizar exames impensáveis anos atrás. Nem falo mais do ultrassom, das tomografias, ressonâncias, pet can, mas de um supercomputador capaz de enxergar imagens que os olhos humanos ainda não conseguem e de um tipo de exame de sangue em teste na Inglaterra que é capaz de detectar um câncer enquanto as células cancerígenas ainda sequer formaram o tumor.

E isso é pouco, embora maravilhoso. Agora, o assustador é pensar no desemprego estrutural que toda essa revolução pode provocar e pensar nos idosos que comporão a maioria da população mundial. Mais assustador ainda é pensar no papel do Estado em relação à assistência a esses idosos e aos desempregados.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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