Tudo se aperfeiçoa, e a democracia?

Dourados se transformou em centro médico hospitalar de excelência. Além da especialidade médica, a odontológica também, de tal forma que não precisamos  sair de Dourados para um tratamento dentário, mesmo os fantásticos implantes.

 E alguém precisa procurar outros centros para fazer uma compra de vestimentas, de alimentos, de produtos agropecuários? Ah! Dona Ercília Pompeu, lembro-me de quando me contava da situação de Dourados, cidade que a senhora tanto amava, e me dizia que muitas vezes as pessoas doentes eram levadas à Assunção para alguns tipos de tratamento. Ah! quando me lembro de sua história da jovem paraguaia que morreu em trabalho de parto e originou a grande campanha para a edificação do Hospital Evangélico!

Também não precisamos mais sair de Dourados para comprarmos um livro. Só não sabem dessa realidade os jovens, que não precisam mais deslocar-se até São Paulo ou mesmo até o Rio de Janeiro para uma simples compra. Enfim, somos uma cidade de porte médio com características de cidade grande, inclusive nossos filhos (ou netos) não precisam mais estudarem fora. Quais cursos nos faltam se considerarmos as quatros instituições de ensino superior que possuímos?

Assim como Dourados o nosso país também progrediu. Deixamos de ser reféns do FMI e nos transformamos na oitava potência econômica do Mundo. Tiramos milhões de irmãos da miserabilidade, abrimos a possibilidade de duas etnias (negros e índios) ingressarem em universidades; possibilitamos também aos alunos das escolas públicas poderem ser médicos, advogados, engenheiros, professores.

Abrimo-nos para o mundo e fomos reconhecidos como protagonistas, criamos o Banco dos BRICS que é a maior proeza dos últimos setenta anos. Deixamos de ser subjugados pelo FMI e pelo Banco Mundial.

Mas estamos em crise.  Econômica, que é passageira e acontece de maneira cíclica em todo o mundo capitalista; política, porque ninguém mais acredita em políticos, não obstante possam haver muitos políticos sérios; crise na aplicação do direito (vejam que não digo crise de Justiça), porque existem queixas bem fundamentadas em relação a juízes e ao Ministério Público. Enfim, crise educacional, moral, na saúde pública, no transporte urbano, crise em todos os setores onde possamos imaginar.

Não obstante as crises e as rupturas, avançamos. Nossa conquistas nos últimos cinquenta anos são imensuráveis. Como dizia a marchinha carnavalesca inventou-se quase tudo “menos o doutor que cure a dor de cotovelo”.

Mas, não haveremos de discordar, uma das invenções mais fantásticas da humanidade foi a criação da democracia. Às vezes não nos damos conta, no entanto, cabe a nós definir o nosso destino. Cabe-nos escolher pessoas que possam organizar e administrar uma sociedade cada vez mais complexa. Mas, que lamentável, a maioria das pessoas que elegemos não nos representam realmente, estão a serviço de grandes corporações, a serviço de seus próprios interesses e, quando sucede de representarem realmente os interesses do povo e não se corromperam, dificilmente se (re)elegem.

E por que se (re) elegerem? Por que são bons, ou por que encontram no caminho da corrupção meios de “comprar” votos de eleitores, não menos corruptos, ou corruptíveis?

Praticamente tudo na humanidade evoluiu para melhor, mas a democracia? Penso que devemos realizar uma reforma profunda na democracia para acompanharmos os demais progressos da humanidade. Primeiro, fora Temer e volta Dilma. Segundo, realização de um plebiscito que possa viabilizar uma nova Constituinte. Que essa Constituinte seja exclusiva, que os membros eleitos voltem para suas casas após aprovarem mudanças radicais: diminuição do número de deputados; que todos os postulantes a cargos eletivos (senadores, deputados, vereadores) não possam ser (re)eleitos mais do que uma vez; que não exista (re)eleição para cargos executivos (prefeitos, governadores e presidentes); que juízes, inclusive do Supremo possam ter um controle externo para não cairmos em  uma ditadura jurídico mediática.

A vida é boa, nosso Planeta maravilhoso. Que nos falta? Talvez a compreensão de que devemos juntarmo-nos para uma sociedade mais justa, mais fraterna, mas igual. Talvez nos falte a compreensão de que não adiante juntarmos todo o ouro do mundo para nós próprios.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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