A queda de um gigante

A queda de um gigante

Mal deu tempo para pensar em escrever sobre a hipótese de um governo único para o mundo todo e eis que tomo conhecimento de que o filósofo alemão Alexander Wendt já havia estudado o assunto e concluído que não daria certo. Cultura, religião, leis específicas de cada país inviabilizariam um “estado mundial”, além de que, um exército único poderia dissolver o parlamento, responsável pela governança global e o planeta transformar-se-ia (mesóclise para lembrar Temer, o golpista) em uma “ditadura única”.

Ora, se nem a União Europeia conseguiu manter-se, apesar de os Estados continuarem independentes, havendo apenas uma regulamentação geral exercida pelo Parlamento Europeu, como haveria de haver uma governança mundial única? No caso Europeu, a saída do Reino Unido não se deveu a razões econômicas, mas ao medo. O medo decorrente de uma situação de insegurança, da presunção de que alguma ameaça poderia afetar individualmente ou a coletividade inglesa. E a ameaça sentida pela maioria dos habitantes do Reino Unido foi a imigração, que traria para dentro do país o terrorismo, ou na melhor das hipóteses, tomaria empregos. Esse medo gerou a xenofobia que, por via de consequência levou ao plebiscito que definiu sua saída da Comunidade Europeia.

De qualquer forma, seja por questões xenófobas ou políticas, a verdade é que estamos assistindo, também aqui na América do Sul, uma tentativa de desconstrução do Mercosul e da UNASUL e, ao que tudo indica, com a participação dos Estados Unidos. Da mesma forma que a iniciativa norte-americana para a implantação das ditaduras latino-americanas, via Teoria da Segurança Nacional e da implementação no neoliberalismo nas Américas, pelo chamado Consenso de Washington, também agora, a destituição de governos de Esquerda e o soerguimento do neoliberalismo, parece não deixar dúvidas de que, utilizando-se das forças burguesas conservadoras, os Estados Unidos estão presentes.

No Paraguai o presidente Lugo foi destituído por um vergonhoso golpe parlamentar, na Argentina o investimento para a eleição de Macri não foi tão discreta. Na Bolívia Evo Morales não poderá mais ser (re)eleito e dificilmente fará o seu sucessor, assim como, também no Peru, os investimentos para que a direita retome o poder são enormes. A Venezuela está em frangalhos graças a luta ideológica que está chegando às vias de fato, justamente quando na Colômbia se consegue alcançar a paz.

É bom salientar que quando falo em intervenção norte-americana refiro-me não somente às agências governamentais, a exemplo da CIA, mas também e principalmente às forças aglutinadas pela plutocracia. Trump é o mais claro exemplo da ascendência da extrema Direita nos Estados Unidos e mundo afora.

No Brasil não podemos desprezar o crescimento da extrema Direita, mas devemos centrar nossa atenção em outras correntes que tentam nos levar de volta ao passado com a reimplantação do neoliberalismo em nosso país. A plutocracia brasileira comandada pelos banqueiros e grandes conglomerados industriais, há tempos conduz a política do PSDB e agora também do PMDB. O PSDB já implantou o neoliberalismo no governo FHC, sucateando as Universidades Públicas, entregando as empresas públicas brasileiras para o capital internacional, quebrando o Brasil três vezes, colocando nosso país à mercê do FMI, além de deixar boa parte de nosso povo em extrema pobreza. 

Quanto ao PMDB, já foi um partido com forte vocação nacionalista, mas nesse momento histórico, vislumbrando a possibilidade de ascender ao poder, esqueceu-se de sua história para aliar-se ao PSDB na aplicação do neoliberalismo, essa nova fase da política econômica capitalista que nega o estado de bem-estar social para valorizar a meritocracia, ignorando políticas públicas que beneficiem os despossuídos.

Nosso país, um gigante Ocidental, exercitando o soft power (poder brando) estava transformando-se em grande liderança regional e sendo reconhecido mundialmente pela sua política de inclusão social. Aliado à China, Índia, Rússia e África do Sul (BRICS), transformou-se no bastião (muralha) que, de certa forma, contribuía significativamente para o desenvolvimento harmonioso da sul-américa, apesar da crise.

Lamentável, mas com Temer, a muralha está sendo destruída, tijolo por tijolo. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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