O Brasil não desencadeara a 3ª Grande Guerra

(não publicado em jornais, postado apenas no Face book e no site: www.biasotto.com.br)

Dentre outros, frequentei na USP o curso “O desenvolvimento econômico e a formação econômica do Brasil”. O professor apresentou um texto de um economista norte-americano (Cameron ?) no qual defendia que os países em desenvolvimento deveriam torcer para que os desenvolvidos progredissem rapidamente pois então repassariam aos demais a tecnologia por eles superada. O texto pregava abertamente a teoria da dependência.

Na prática essa política ensejou a Doutrina da Segurança Nacional, em meados dos anos de 1960, impondo a implantação de ditaduras subservientes na América Latina. Esgotado esse modelo, aproveitando-se do fim do socialismo real, com a queda do Muro de Berlim, em 1989, os EEUU estabeleceram o Consenso de Washington, e o Neoliberalismo espalhou-se pelo continente, gerando o “Estado Mínimo”.

Superando esse modelo os países sul-americanos foram buscar na esquerda, que combateu os regimes militares, os seus governantes, a exemplo do Uruguai, Chile, Venezuela, Equador e Brasil.    

Com esses governos, e estando os Estados Unidos empenhados em debelar a sua própria crise, a América do Sul teve a oportunidade e buscar novos caminhos, seja pela criação de programas sociais, seja pelo fortalecimento do mercado interno, mas principalmente pelas articulações políticas e econômicas com o Oriente.  

Nesse sentido o Brasil foi surpreendente, especialmente por estabelecer relações fortes com os chamados BRICS (Brasil, Rússia, China e África do Sul). A dependência para com os Estados Unidos diminuiu. Deixamos de ser devedores do FMI para sermos credores, o que nos libertou tanto do FMI quanto do Banco Mundial (organizações criadas em 1944 e sempre sob o manto dos EEUU). Os BRICS avançaram a tal ponto que em 2013 foi criado o Banco dos BRICS, instituição nascida para financiar projetos de interesse do grupo e como alternativa ao Banco Mundial.

O Brasil projetava-se como potência. A descoberta do pré sal abria-nos a possibilidade de sermos o maior produtor de petróleo do mundo e poderíamos graças a isso transformarmo-nos em uma Pátria Educadora. 

Essa conjuntura fez com que nosso país se preocupasse com a sua segurança. Houve investimentos em submarinhos e aviões. A compra de caças suecos, que nos permite dominar a tecnologia de sua produção desgostou aos Estados Unidos. Não menos contrariados ficaram quando financiamos o Porto de Mariel em Cuba. Ora, Mariel representa não somente a abertura de nova rota comercial para o Brasil como também poderia eventualmente ser usado como base militar para os BRICS.

Os Estados Unidos abriram os olhos. Ingênuo seria imaginar grandeza dos norte-americanos pelo fim do embargo que culminou com a visita de Barak Obama a Cuba. O que tentaram foi neutralizar a iniciativa brasileira. Não se pode também deixar de considerar que trataram de incentivar uma onda demolidora dos governos populares da América, com a participação das elites econômicas desses países. Objetivo: assegurar a política da dependência econômica. No Paraguai foi fácil derrubar o governo Lugo com um golpe branco. Na Argentina a mudança se deu por via da eleição que levou Macri ao poder, na Bolívia Evo Morales não poderá mais candidatar-se, na Venezuela existe a iminência de uma guerra civil e no Brasil a tentativa de golpe paralisa o país. Não querem que sejamos uma potência concorrente, mas sim um país dependente. No Brasil, não por acaso o PSDB, defensor da dependência, amparado pelo PIG, em especial a Globo, está à frente do movimento interno para descontruir a imagem de Lula (virtual candidato em 2018) e impedir a presidente Dilma de continuar governando.  

A situação é instável. O país está dividido, a nossa tradicional cordialidade está sendo substituída pelo ódio e o agravamento dessa crise pode levar a uma Guerra Civil. Felizmente a posição do Exército brasileiro não favorece o golpe e a Aeronáutica, ao impedir a PF de entregar Lula ao Moro quando do sequestro do ex-presidente para o aeroporto de Congonhas, demonstra que está a favor da legalidade. Por sua vez o Supremo, ao afastar Moro da perseguição que está exercendo, abre espaço para que a Justiça aja sem parcialidade. O lamentável é que o PIG, principalmente a Globo, tenha destilado ódio e esse ódio tenha impregnado parte do povo brasileiro. Sua ação é insidiosa, faz crer à população que quem é contra o impeachment e a favor da corrupção. Fala que o impeachment é constitucional, mas não explica que é constitucional quando houver motivo. Motivo não há, nesse sentido ou a democracia acaba com a Globo ou a Globo acabará com a nossa democracia.

Por outro lado, temos o Mundo de olho no Brasil e, numa remota possibilidade de uma intervenção norte-americana, como em 1964, nossos vizinhos e os BRICS poderiam entrar a favor de nosso país com armas tão potentes quanto as norte-americanos e, pronto, estaria conflagrada a Terceira Guerra Mundial.

Não à toa o presidente Barak Obama ao deixar Cuba foi visitar a Argentina (23/03/2016) do presidente Macri, um operador da política de dependência e que, por via de consequência, poderá contribuir na desconstrução do Mercosul e da UNASUL.

Mas, não nos assustemos, as guerras têm interesses econômicos e financeiros subjacentes a outras causas e como a China tem 2,3 trilhões de dólares aplicados no tesouro norte-americano, é mais provável que não se arriscará a perder tanto. Logo, não será o Brasil que desencadeará a 3ª Grande Guerra.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

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recebida com surpresa e alegria

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