Vagalhão neoliberal

Mais que uma onda, estamos (re)vivendo um vagalhão neoliberal avançando pela América Latina. Normalmente essas iniciativas nascem nos Estados Unidos e vão se espalhando. Antes do Golpe de 1964, que culminou com a ditadura militar, foi preparado o que se chamou “Doutrina da Segurança Nacional”, envolvendo Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Equador, Venezuela, Colômbia, enfim, com a ajuda brasileira os Estados Unidos conseguiram implantar regimes militares de direita em todo o Sul da América, tendo como pano de fundo a consagração da doutrina capitalista liberal nesses países, um capítulo da Guerra Fria pós Segunda Guerra.

Outro vagalhão foi o chamado “Consenso de Washington”, que gerou um novo tipo de liberalismo econômico, ainda mais cruel que o liberalismo clássico surgido com a Revolução Industrial. Tratava-se do Neoliberalismo, nascido após a queda do muro de Berlim em 1989. Foi uma fase de implantação de um capitalismo verdadeiramente selvagem, pregando um Estado Mínimo e a “entrega” dos destinos da economia nas mãos da classe dominante. Era um tal de quem pode mais chora menos. Quem fosse pobre era o próprio culpado de sua pobreza, ao Estado isso não tinha importância. Lembro-me de várias citações que enalteciam a competição. Uma delas dizia que “na África toda a manhã uma gazela acorda e sabe que tem que correr para não ser devorada e um leão acorda sabendo também que tem que correr para poder almoçar. E a conclusão: “leão ou gazela corra”.

Os estados capitalistas estavam convencidos de que o socialismo estava sepultado. Fukuyama escreveu um livro decretando “O fim da História”. Felizmente houve uma reação e as nações em desenvolvimento, ao término das ditaduras militares, escolheram governantes mais à esquerda que, embora não tenham implantado o socialismo em país nenhum ao menos tentaram restabelecer o Estado de bem-estar social.

Mujica no Uruguai, Kirchner na Argentina, Lugo no Paraguai, Evo Morales na Bolívia, Lula no Brasil e o mais radical dentre eles Chaves na Venezuela. Esses presidentes conseguiram no máximo um pacto tácito ou explicito (como a Carta de Lula) com a classe dominante e conseguiram um avanço surpreendente no combate à pobreza.

Vendo que a massa salarial crescia na América Latina, percebendo que países como o Brasil, de devedor do FMI, passou a ser credor e por via de consequência cortou o seu cordão umbilical com o Fundo e com o Banco Mundial, estabelecendo uma nova ordem mundial com a formação dos BRICS e a criação do Banco dos BRICS, a direita sublevou-se.

Ainda não existem provas concretas de que o vagalhão neoliberal para derrubar os governos de esquerda da América Latina tenha partido e esteja sendo comandado pelos Estados Unidos, no entanto há fortes indícios. Kirchner perdeu na Argentina para o direitista Macri que já fala em retaliações à Venezuela no âmbito do Mercosul. No Paraguai um golpe inédito e vergonhoso do Congresso derrubou Lugo. No Brasil o golpe está sendo mais difícil de ser concretizado, mas ao que tudo indica as forças conservadoras continuarão insistindo em derrubar a presidente Dilma ou, pelo menos destroçar o PT para garantir a retomada ao poder em 2018.

A desconstrução do PT está sendo feita via combate a corrupção, mas de maneira seletiva, sendo presas pessoas filiadas ou ligadas ao PT. A corrupção do PSDB não vem ao caso. Me entristece constatar o envolvimento de alguns políticos petistas em ilicitudes, abrindo espaço para a direita avançar. Particularmente lamento estarmos perdendo a oportunidade de ver o Brasil mais justo e mais igual.

Enquanto isso em Dourados, a disputa pela prefeitura já se iniciou. Grandes reuniões estão sendo feitas como se fora prestação de contas. O ambiente para a sucessão do atual prefeito é cinzento. O descontentamento é tamanho que até o impossível aconteceu. Refiro-me à formação do bloco aliando Zé Elias, Brás Melo e Humberto Teixeira, três ex-prefeitos que não podiam, em seus tempos, serem convidados para a mesma mesa. Ninguém sabe no que isso vai dar, acredito que nem mesmo eles, mas consta que já conseguiram reunir sessenta líderes para participar de um projeto pró Dourados.

A mim, particularmente, cabe torcer para acertarmos na escolha de um(a) prefeito(a) que faça de Dourados uma cidade cada vez melhor.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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