Um milhão a mais ou a menos, tanto faz

 

Um milhão a mais ou a menos, tanto faz

 

O Progresso de quinta-feira passada trouxe uma notícia sobre o brasileiro mais rico do pais, Jorge Paulo Lemann, dono da 3G Capital Partners.  Sua fortuna é estimada em R$ 83,70 bilhões e seu faturamento nos últimos doze meses foi de R$ 3,86 milhões por hora. No ano passado, havia lido “Sonho Grande”, de Cristiane Correia, livro no qual são registrados os métodos utilizados para que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira construíssem o maior império do capitalismo brasileiro.

Em 2014, as 15 famílias mais ricas do Brasil detinham 5% do PIB, e o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) alertando sempre que a incidência de impostos sobre as grandes fortunas resultaria em maior benefício do que aquilo que arrecada sobre elas o Imposto de Renda.

Uma outra história mostra que, não obstante o juiz Ricardo Leite tenha tentado barrar a Operação Zelotes, os diretores de Ford, Mitsubishi, Anfavea, Santander e da RBS, afiliada da Globo, dentre outras, deverão prestar depoimento sobre o escândalo envolvendo 19 bilhões em suborno para alguns agentes da Receita Federal.

Não desejo com isso afirmar que as grandes fortunas se formam apenas a partir de negociatas. Claro que existem as honrosas exceções, mas, inclusive durante a ditadura militar, havia muita bandalheira. José Carlos de Assis, em “A dupla face da corrupção”, demonstra com clareza a corrupção durante a ditadura, elucidando especialmente o grande escândalo da “Coroa-Brastel”, financeira que conseguiu, do dia para a noite, 50 bilhões de cruzeiros do Banco Central, para tentar cobrir o rombo que, aliás, jamais conseguiu e legou um prejuízo de 135 bilhões de cruzeiros. As ilicitudes não são privilégios de nossos dias, o lamentável é constatarmos que sai governo, entra governo e as grandes fortunas continuam gozando de imensos privilégios, quanto mais ricas menos impostos pagam e mais sujeitas estão à corrupção.

O Brasil é injusto. Todos os países onde predomina o sistema capitalista são injustos. Essa é a lógica, inclusive na China, onde vige o capitalismo estatal que explora a mão de obra do povo chinês a ponto de poder vender ao mundo todo, inclusive aos Estados Unidos, produtos muito mais baratos que os produzidos no próprio país.

Caberia aos governos de todo o mundo a redistribuição de renda, oferecendo aos excluídos não a conta a ser paga, mas a dignidade. Não é doando um milhão ou dois que os donos de grandes fortunas reduzirão as desigualdades. É preciso ação governamental, o que parece ser impossível, mesmo aos governantes que têm essa intenção, pois são barrados pelas forças do grande capital, muito bem representado em seus respectivos Congressos Nacionais.

Mas as injustiças não se revelam apenas em relação às grandes fortunas, o juiz Moro recebe 77 mil reais mensais e existem juízes que ganham ainda mais. Algumas categorias de trabalhadores são privilegiadas com salários muito acima de 60 mil mensais. Fico pensando em quem sobrevive com salário mínimo. Por outro lado, as greves pipocam por todo o país, principalmente dos funcionários públicos, que voltam a perder poder aquisitivo, e o governo com déficit enorme não vê como melhorar a situação.

Os apressados, incautos ou mesmo os mal-intencionados atribuem à Dilma toda a culpa, quando na verdade estamos escravizados por um sistema injusto e perverso, defendido por forças poderosas que englobam todas as grandes fortunas do país e uma mídia velha, esclerosada, partícipe também das grandes falcatruas.

Assim, de um lado, vão para as ruas os defensores de privilégios de classe, juntando-se aos fascistoides e aos ingênuos, para tentar retroceder aos tempos em que o PSDB entregava o Brasil ao capital estrangeiro e tirava os sapados para pisar nos aeroportos norte-americanos e, de outro lado, a classe trabalhadora, defendendo a democracia, as reformas estruturais, a reforma política, uma política econômica centrada no interesse dos trabalhadores, a soberania nacional e a defesa da Petrobrás, enfim, a garantia dos direitos sociais indiscriminadamente, sem preconceitos e intolerância. 

É nesse país de incertezas que vivemos hoje, a exemplo do restante do mundo, que também se debate com a crise capitalista que insiste em perdurar desde 2008, embora para a Globo ela só exista no Brasil.

 

Um milhão a mais ou a menos, tanto faz

 

O Progresso de quinta-feira passada trouxe uma notícia sobre o brasileiro mais rico do pais, Jorge Paulo Lemann, dono da 3G Capital Partners.  Sua fortuna é estimada em R$ 83,70 bilhões e seu faturamento nos últimos doze meses foi de R$ 3,86 milhões por hora. No ano passado, havia lido “Sonho Grande”, de Cristiane Correia, livro no qual são registrados os métodos utilizados para que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira construíssem o maior império do capitalismo brasileiro.

Em 2014, as 15 famílias mais ricas do Brasil detinham 5% do PIB, e o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) alertando sempre que a incidência de impostos sobre as grandes fortunas resultaria em maior benefício do que aquilo que arrecada sobre elas o Imposto de Renda.

Uma outra história mostra que, não obstante o juiz Ricardo Leite tenha tentado barrar a Operação Zelotes, os diretores de Ford, Mitsubishi, Anfavea, Santander e da RBS, afiliada da Globo, dentre outras, deverão prestar depoimento sobre o escândalo envolvendo 19 bilhões em suborno para alguns agentes da Receita Federal.

Não desejo com isso afirmar que as grandes fortunas se formam apenas a partir de negociatas. Claro que existem as honrosas exceções, mas, inclusive durante a ditadura militar, havia muita bandalheira. José Carlos de Assis, em “A dupla face da corrupção”, demonstra com clareza a corrupção durante a ditadura, elucidando especialmente o grande escândalo da “Coroa-Brastel”, financeira que conseguiu, do dia para a noite, 50 bilhões de cruzeiros do Banco Central, para tentar cobrir o rombo que, aliás, jamais conseguiu e legou um prejuízo de 135 bilhões de cruzeiros. As ilicitudes não são privilégios de nossos dias, o lamentável é constatarmos que sai governo, entra governo e as grandes fortunas continuam gozando de imensos privilégios, quanto mais ricas menos impostos pagam e mais sujeitas estão à corrupção.

O Brasil é injusto. Todos os países onde predomina o sistema capitalista são injustos. Essa é a lógica, inclusive na China, onde vige o capitalismo estatal que explora a mão de obra do povo chinês a ponto de poder vender ao mundo todo, inclusive aos Estados Unidos, produtos muito mais baratos que os produzidos no próprio país.

Caberia aos governos de todo o mundo a redistribuição de renda, oferecendo aos excluídos não a conta a ser paga, mas a dignidade. Não é doando um milhão ou dois que os donos de grandes fortunas reduzirão as desigualdades. É preciso ação governamental, o que parece ser impossível, mesmo aos governantes que têm essa intenção, pois são barrados pelas forças do grande capital, muito bem representado em seus respectivos Congressos Nacionais.

Mas as injustiças não se revelam apenas em relação às grandes fortunas, o juiz Moro recebe 77 mil reais mensais e existem juízes que ganham ainda mais. Algumas categorias de trabalhadores são privilegiadas com salários muito acima de 60 mil mensais. Fico pensando em quem sobrevive com salário mínimo. Por outro lado, as greves pipocam por todo o país, principalmente dos funcionários públicos, que voltam a perder poder aquisitivo, e o governo com déficit enorme não vê como melhorar a situação.

Os apressados, incautos ou mesmo os mal-intencionados atribuem à Dilma toda a culpa, quando na verdade estamos escravizados por um sistema injusto e perverso, defendido por forças poderosas que englobam todas as grandes fortunas do país e uma mídia velha, esclerosada, partícipe também das grandes falcatruas.

Assim, de um lado, vão para as ruas os defensores de privilégios de classe, juntando-se aos fascistoides e aos ingênuos, para tentar retroceder aos tempos em que o PSDB entregava o Brasil ao capital estrangeiro e tirava os sapados para pisar nos aeroportos norte-americanos e, de outro lado, a classe trabalhadora, defendendo a democracia, as reformas estruturais, a reforma política, uma política econômica centrada no interesse dos trabalhadores, a soberania nacional e a defesa da Petrobrás, enfim, a garantia dos direitos sociais indiscriminadamente, sem preconceitos e intolerância. 

É nesse país de incertezas que vivemos hoje, a exemplo do restante do mundo, que também se debate com a crise capitalista que insiste em perdurar desde 2008, embora para a Globo ela só exista no Brasil.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br