Em torno das Universidades Públicas de MS

Apesar de ter mais dúvidas do que certezas, ouso oferecer algumas sugestões para o ensino público superior de nosso estado.

Sem dúvida, as Universidades Públicas são as que mais contribuem para a produção do conhecimento científico, ancorando-se no trinômio: pesquisa, ensino e extensão, o que implica em promoção do desenvolvimento regional e nacional.

Em Mato Grosso do Sul, temos três Universidades Públicas: com a divisão do Estado, a UEMT (Universidade Estadual de Mato Grosso) foi transformada em UFMS, nossa primeira Universidade Federal. Em seguida, foi criada a UEMS, por força de artigo constitucional, sua sede passou a ser Dourados, sendo que a sua implantação se deu em 1984. Finalmente, em 2005, o CEUD deu origem à UFGD.

Dentre as minhas dúvidas, a principal é saber como se dá o planejamento do ensino superior em nosso estado. Vejamos: a UEMS possui 21 campi espalhados pelo estado e a UFMS 11, portanto, somando-se tudo e com a UFGD, temos 32 municípios contemplados com ensino público superior. Nada mal para um estado que possui 79 municípios. Mas (sempre tem um mas) a questão é saber como são tratados os campus universitários pelas suas respectivas sedes, Campo Grande, no caso da UFMS e Dourados, no caso da UEMS.

A abertura desses campi, via de regra, deu-se por pressão política e não propriamente por meio de um planejamento estratégico de desenvolvimento do Estado. E a tendência geral é de que as sedes absorvam a maioria dos recursos e que nelas se concentrem os melhores laboratórios e bibliotecas, gerando a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas, o que é mais difícil nos campi espalhados pelo estado. Inclusive, uma das causas da transformação do CEUD em UFGD, foi o tratamento diferenciado que recebia da administração central.

Dos onze campi que possui a UFMS, destacam-se pela densidade demográfica de suas respectivas localidades e pela sua produção científica, Três Lagoas e Corumbá. A diferença populacional entre as duas cidades não ultrapassa 5 mil habitantes, mas o campus de Três Lagoas, com a abertura do curso de Medicina, tem, no curto prazo, a possibilidade de transformar-se em Universidade Federal do Bolsão, o que seria importante para o MS. Vale lembrar que Simone Tebet é de lá e como senadora, poderá ter enorme influência nessa transformação. E o campus de Corumbá, também já não mereceria a sua autonomia, transformando-se em Universidade Federal do Pantanal? Também não é de se esquecer que o senador Delcídio do Amaral é pantaneiro.

Estaríamos bem-dotados de Universidades Públicas Federais ao menos pelos próximos cinquenta anos: Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá.

Quanto a UEMS, será mesmo viável administrar os seus 21 campi? Se tivermos como base a UNESP, com um total de 23 espalhados pelo estado de São Paulo, diremos que sim. A diferença é que a sede da UNESP é na capital e no caso da UEMS, é no interior e, com a abertura do curso de Medicina no campus de Campo Grande, haverá certamente grande pressão para que a sede da Reitoria se mude para a capital. Questão simples, apenas a supressão do artigo da Constituição do Estado que prevê a sede da UEMS em Dourados.

Então, antes de termos que enfrentar esse embate, inevitável no curto prazo, segundo meu entendimento, penso que o governador deveria constituir uma Comissão de alto nível, presidida pelo Reitor da UEMS, para readequar essa importante instituição de nosso estado para adaptar-se às circunstâncias atuais. Uma primeira ideia seria seguir aproximadamente o modelo adotado pela França, que dividiu a Universidade de Paris em treze Universidades. Teríamos assim UEMS 1, Dourados; UEMS 2, Campo Grande; UEMS 3, Jardim; UEMS 4, Naviraí e assim, sucessivamente, de acordo com o tamanho da cidade e com o número de cursos existentes, com reitorias próprias e agregando em torno de si os campi menores. O Estado deveria voltar a conceder autonomia financeira para a UEMS e um Conselho de Reitores, presidido pelo reitor de Dourados, por ser a UEMS mais antiga, faria a partilha dos recursos.

À parte isso tudo, as forças vivas de Dourados devem movimentar-se para a criação do curso de Medicina aqui na sede da UEMS e alavancar, como parece estar sendo feito, a construção do Hospital Regional, que seria o nosso Hospital Universitário Estadual.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br