UFGD: continuidade, avanço ou ruptura

Tomou posse na última quarta-feira em Brasília, para exercer o mandato de reitora da UFGD, entre 2015 a 2019, a professora Liane Maria Calarge, em substituição ao professor Damião Duque de Farias e a questão que a comunidade universitária e a sociedade regional se faz é se haverá uma continuidade ao trabalho de seu antecessor, se haverá avanços significativos ou uma ruptura com aquilo que foi feito?

Em seus dez aos de existência, a UFGD teve um crescimento impressionante, tanto no aspecto físico quanto humano. Quanto criada, o CEUD, que tinha 31 anos e lhe deu origem, possuía 27 mil metros quadrados de construções; hoje são 97 mil, um acréscimo de 70 mil metros quadrados, contando salas de aulas, laboratórios, biblioteca (120 mil livros) e anfiteatro com 800 lugares. Em 2005, o CEUD tinha 69 funcionários, hoje, mais de mil; professores eram apenas 99, hoje beira os 600; cursos eram 12 de graduação, 2 programas de mestrado e 1 doutorado; hoje são 32 graduações, 18 mestrados e 8 programas de doutorado. Quanto ao orçamento, nem sabíamos quanto tocava ao CEUD, pois era administrado pela reitoria em Campo Grande; hoje são 225 milhões anuais.

No aspecto humano, a administração que se despediu fez um trabalho também digno de louvor. Implantou a UFGD respeitando a diversidade e a pluralidade e prestigiando os menos favorecidos pela sociedade, como índios, negros e estudantes do ensino público. Dentro do universo acadêmico deve caber todas as tribos e todas as formas de manifestação do pensamento e nem sempre é fácil aceitar a alteridade, aceitar o outro, aquele que, sem amarras, expõe livremente as suas ideias, às vezes contrárias às nossas. E a produção e promoção cultural? E o Hospital Universitário, verdadeiro sustentáculo da saúde pública da região?

Se a nova reitora der continuidade ao planejamento elaborado para a expansão na UFGD até 2020, então já poderemos louvá-la. Se a sua administração também continuar com a política de inclusão e de respeito à pluralidade, outro louvor. E se tiver condições de avançar, mesmo porque as condições estão criadas, então a UFGD se consolidará como instituição capaz de inovar, abrir novos caminhos, internacionalizar-se, contribuir para com o desenvolvimento regional e nacional.

E a eventualidade de uma ruptura com o passado, será possível? Sem bola de cristal, não posso dizer. Sei, não entanto, o que é preciso ser feito para evitar um retrocesso. Administrar os conflitos internos da Universidade, que não são poucos, acatando as decisões majoritárias, mas respeitando sempre as minorias. A administração democrática, a distribuição equânime dos recursos, o planejamento para a manutenção e expansão e a transparência, enfim, contribuem como que uma espécie de escudo para manter o equilíbrio de forças existente infra muros, evitando o desconforto da proliferação de uma oposição radical.

Além disso tudo, deve-se evitar a interferência política dentro da Universidade. Há insinuações de que a reitora eleita tinha problemas com o fisco e não poderia ser nomeada e que precisou haver uma espécie de segundo turno em Brasília para que fosse empossada. O Conselho Universitário, em sua primeira reunião, deve ser esclarecido sobre isso para que, desde o início, a administração mostre-se democrática e aberta ao diálogo.

É bom lembrar que o resultado da consulta à comunidade acadêmica foi apertadíssimo. Diferença em torno de 1% em relação à chapa perdedora. Significa dizer, em primeiro lugar, que é preciso mostrar serviço, em segundo, parabenizar a chapa derrotada por não buscar um segundo turno, a exemplo do que tem tentado fazer o PSDB em relação à (re)eleição de Dilma.

Por falar em Dilma, é preciso parabenizar o governo petista dos últimos 12 anos por ter escolhido sempre o primeiro colocado na lista tríplice, respeitando a consulta feita à comunidade. Lembro-me de que FHC havia prometido isso, mas às vezes viajava e então o vice, Marcos Maciel, nomeava o segundo ou terceiro, como foi o caso do reitor Manuel Peró, da UFMS.

Por fim, pelo que a UFGD representa para a nossa região, desejo render as minhas sinceras homenagens aos que estão deixando a administração e augurar sucesso à administração que está iniciando as suas atividades, na pessoa da reitora, professora Liane Maria Calarge. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br