Nossas desigualdades na balança das eleições de amanhã

           

            Não, não perdi a capacidade de indignar-me, ora, veja o caro leitor, soube de duas notícias que são daquelas de estarrecer qualquer cidadão consciente. Primeira: a FIFA vai pagar 60 mil reais mensais para Ricardo Teixeira pelos serviços prestados à entidade. Segunda: os juízes de direito receberão um auxílio moradia superior a 4 mil reais mensais. Ambas as atitudes são indefensáveis. Apesar de a FIFA ser uma entidade privada, quem paga o pato senão nós, os torcedores do mundo inteiro, que deveríamos merecer um pouco mais de respeito? Tanto dinheiro desperdiçado bem poderia ser utilizado para, no mínimo, incentivar a formação de atletas. Quanto ao auxílio para os juízes, não passa de uma forma de burlar a legislação vigente que estabelece um teto de 29,4 mil reais. Ora, a própria Justiça procurando subterfúgios para aumentar os ganhos de seus servidores.

A grande verdade é que as nações privilegiam duas categorias de servidores, os da Justiça, porque eles mantêm o status quo e os da Fazenda, porque são os arrecadadores. Ponto final.

É bem verdade que ao longo de toda a história da humanidade, as desigualdades sempre existiram, mas não por isso devo defender que deverão existir para sempre. Refiro-me às desigualdades financeiras, às diferenças nas condições de vida e de oportunidades. Quero crer que, com a elevação do estágio civilizatório das sociedades, haveremos de eleger governos justos que promovam a distribuição de renda de tal forma que não haverá mais pobres e nem os bilionários que, sem saberem o que fazer mais com tanto dinheiro, ficam brincando nas bolsas de valores, quebrando países, manipulando eleições. Lembram-me crianças diante de um joguinho de “banco imobiliário” para as quais ganhar ou perder um monte de fichas não lhes tira o sono.

Exemplo atual de desigualdade está sendo demonstrada na greve promovida pelos bancários de todo o país. Não dá para admitir que os banqueiros tenham lucros estratosféricos enquanto que aos bancários, somente reste recorrer à greve para ao menos recomporem as perdas salariais com a inflação. Mas não fica nisso.

Sempre me dizem que a assistência à saúde no Brasil está pela hora da morte. Minha resposta: não tem jeito por várias razões, por exemplo, se o SUS melhorar o atendimento, aqueles que pagam um plano de saúde migram para o sistema. Para melhorar o SUS seria preciso a socialização da medicina, coisa muito distante de acontecer em nosso país. Mas acha o leitor que um médico que chega a cobrar mil reais por uma consulta vai se submeter ao programa “mais médicos” com salário em torno de 10 mil mensais? E, por outro lado, é justo o médico ganhar 100 reais por uma cirurgia delicada que realiza pela SUS?

De qualquer forma, é injusto o que ganha o médico em relação aos assalariados em geral. Também é injusto que um advogado, passando em um concurso para juiz ou promotor, ganhe três vezes mais que um professor com mestrado e doutorado que entra em uma Universidade ganhando menos de 9 mil reais. Injusto também é esse professor universitário ganhar 4 ou cinco vezes mais do que um professor da rede particular e da rede pública de ensino. As injustiças são inumeráveis, mas fico com esses poucos exemplos.

Está longe para a maioria dos países do mundo o dia em que terão o padrão de vida existente na Dinamarca, ou na Noruega, onde em Halden, um prisioneiro tem padrão de vida mais elevado que a maioria dos pobres livres espalhados pelo mundo, pois fica em quarto individual dispondo de televisor, frigobar, escrivaninha e banheiro privado. Prisão para ressocializar, não para aperfeiçoar no crime.

Em nosso país, a cada eleição temos a grande oportunidade de promovermos avanços, sem que haja a necessidade de pegarmos na espingarda e sairmos quixotescamente tentando uma revolução. O voto é algo sagrado para a democracia, mas às vezes alguns eleitores, talvez os mesmos que compraram um carro com isenção do IPI e com taxa zero de juros, têm a coragem de fixar o adesivo de qualquer candidato que lhe pague uma insignificância por mês.

Estou convicto de que seria muito proveitoso se votássemos em candidatos dispostos a ajudarem o povo brasileiro a promover uma grande reforma política, tanto para melhorarmos a democracia quanto para continuarmos diminuindo as desigualdades.  

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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