Mais médicos, mais cursos de medicina

Novo curso de Medicina pode abrir na UEMS em Dourados”. Este é o título de matéria publicada neste jornal na quinta-feira passada, no entanto, no corpo do artigo não fica evidente se o curso será mesmo em Dourados. Abro o site da UEMS e constato que, de fato, foi constituída uma comissão para elaborar o projeto, mas também lá não fica claro onde será o curso. Como a comissão vai se reunir em Campo Grande, infiro que o curso deverá ser implantado na capital, como é o desejo do governador do estado.  Minha alegria com a manchete esvaneceu-se.

Não sou contra a criação de mais um curso de Medicina em Campo Grande, por já possuir dois. Aliás, defendo também que se crie urgentemente outro em Três Lagoas e ainda um em Corumbá. Com a criação desses cursos, poderíamos pensar na criação da Universidade Estadual de Campo Grande e nas Federais de Três Lagoas e Corumbá. Precisamos de médicos e de universidades, tanto para assistir aos pacientes quanto para romper com a reserva de mercado defendida por algumas entidades médicas.

O que foge à lógica mais elementar é que nunca, jamais na história do Brasil, um curso de Medicina, foi criado primeiramente em um Campus e não na sede da Universidade. Nesse sentido, a UEMS, cuja sede é em Dourados, está sofrendo um duro golpe, não se descartando a possibilidade de transferência de sua reitoria para a capital do estado. Os cursos de Medicina são poderosos, quando criamos o de Dourados, tínhamos a mais absoluta convicção de que ele seria a gota d’água para a criação da UFGD, projeto que se encaminhava desde o início dos anos 80.

Tenho batido nessa tecla há mais de uma década, no entanto, as nossas forças vivas parecem estar mais preocupadas com a CPI da Petrobrás do que em defender os legítimos interesses de nossa cidade. Ah! Campo Grande merece. Concordo, mas já que Dourados transformou-se em um promissor centro médico hospitalar, já que está difícil de se marcar uma consulta em qualquer especialidade, mesmo para os possuidores de planos de saúde, por que então não abrir um curso de medicina também na UEMS/Dourados?

Quando iniciamos os trabalhos para a criação da Medicina da UFGD, vários médicos posicionaram-se contrários, mas, felizmente, depois abraçaram entusiasticamente o projeto e deu no que deu. Não tirou emprego de ninguém, o curso tem boa qualidade, o Hospital Universitário trabalha a todo vapor para amenizar o grave problema de atendimento sofrido pela nossa região, enfim, deu certo. Nesse sentido, proponho que as forças vivas de nossa cidade se mobilizem a partir de uma chamado da própria Associação Médica, para trazermos mais esse impulso para o nosso desenvolvimento. E se a Associação não tomar essa iniciativa, então o faça o prefeito municipal, que tem a obrigação de planejar o crescimento de nossa cidade.

Depois não me venham reclamar da vinda dos médicos cubanos. Aliás, o programa mais médicos, com a contratação de estrangeiros, deve-se principalmente à falta de visão da própria categoria que tentou ao longo de muitos anos fazer uma reserva de mercado, formando poucos para garantir a valorização financeira desses profissionais. Nesse sentido é oportuno repetirmos aqui a afirmação de um médico cubano feita na Folha de São Paulo, em 25/08/2013 p.a 17: “Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil e em nenhum lugar do mundo”.

Referi-me logo acima sobre a responsabilidade do prefeito Murilo em trabalhar para a criação da Medicina na UEMS/Dourados e, nesse sentido, não custa lembrar que quando o governador lançou o MS Forte II e que nesse pacote estava projetada a criação do curso de Medicina para o campus da UEMS de Campo Grande, Murilo afirmou “que ficou satisfeito com o anúncio feito pelo governador, de obras e serviços, mas ressaltou que vai trabalhar para que a UEMS tenha também seu curso de Medicina em Dourados” (Dourados News, 16/08/2013).

Se isso não se resumir em meras promessas como foi a de manter o projeto “Dourados Cidade Educadora”, então o prefeito apoiará Delcídio para o governo do estado, pois nenhum outro candidato se preocuparia com Dourados e muito menos com a UEMS e ajudaria Murilo tanto quanto ele.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

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Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
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