A ACED e a CPI da Petrobrás

 Mesmo dirigindo, os pensamentos voam. Tentava decifrar o motivo pelo qual a ACED endereçara uma carta aos deputados locais solicitando-lhes que assinassem o pedido de abertura da CPI da Petrobrás quando me vejo preso em um congestionamento na Hayel Bon Faker. Minha atenção foi desviada para o semáforo obsoleto, provavelmente reformado de sucatas antigas, que substituiu a nossa majestosa rotatória, sem ter sido suficiente para melhorar o tráfego. Mas há o que ser louvado, os motoristas de nossa cidade não tem o péssimo hábito existente alhures de meter a mão na buzina.

Já na avenida Marcelino Pires deparo-me com novo engarrafamento. À minha frente, o motorista pôs-se a descascar tangerina. O tráfego segue, lento, mas segue, e o sinesíforo (motorista) continua descascando a sua fruta, e pior, jogando as cascas pela janela. Sinalizo com o polegar o sinal de negativo, mas ele não parece ver. Olho para a chapa do veículo e constato que é de Dourados. Poderia ter anotado o número e ligado para o Departamento de Trânsito e, com certeza, o “porcão” seria (re)educado e haveríamos de ter um cidadão a mais em nossa cidade. Falhei.

Volto os meus pensamentos para a ACED. Por que uma entidade criada para a proteção do comércio haveria de interessar-se pela CPI da Petrobrás? Não lhe caberia maior glória se lutasse para fazer com que Dourados voltasse a ser uma Cidade Educadora?  Não consigo estabelecer uma relação lógica para a atitude. Se fosse por uma questão de consciência cidadã a ACED haveria de ter pedido também a abertura de outras muitas CPIs, como a dos metrôs paulistanos e a do mensalão tucano. Em Mato Grosso do Sul e em Dourados caberiam várias CPIs, a exemplo dos empréstimos para a recuperação de nossas rodovias para depois serem privatizadas e no caso douradense, para esclarecer, por exemplo, vários problemas educacionais, inclusive o retrocesso em relação aos critérios para a nomeação de professores. Por que Petrobrás?

Chego à conclusão de que a atitude da ACED tem a ver com a campanha nacional que está sendo perpetrada contra a presidente Dilma, objetivando desqualifica-la como boa gerente e administradora (em www.biasotto.com.br dois artigos sobre esse assunto). Afinal, com os seus poços esgotados a oposição não encontra um discurso novo para o Brasil e, então, tenta macular a imagem da presidente. Não vejo outro motivo, embora pareça-me politicamente incoerente, pois o presidente da ACED é peemedebista e, como tal, em tese, deveria apoiar Dilma, como disse que o fará o governador.

Mas, não obstante as considerações acima, admitamos a legitimidade do pedido da ACED, afinal CPIs são instrumentos legais e oportunos quando não se caracterizam como eleitoreiros. Se for aprovada a CPI sugiro aos interessados em cria-la levarem em consideração alguns fatos que não estão sendo lembrados. A compra da refinaria de Pasadena foi o nó górdio do imbróglio. Na época em que foi comprada não havia sido descoberto o pré-sal, ela era portanto, uma necessidade para o Brasil. A Petrobrás comprou 50% da empresa, mas os espertos vendedores botaram no contrato dois artigos maliciosos: se a refinaria não rendesse 6,9% ao ano e se houvesse desentendimentos na administração o novo sócio deveria comprar a outra metade. Não deu outra, a empresa não rendeu, os sócios se desentenderam e a Astra, a outra sócia, obrigou a Petrobrás a adquirir os 50% restantes. Dilma Rousseff era então ministra da casa civil e desaprovou essa compra. Então a Justiça Americana julgou o caso e determinou que a Petrobrás deveria pagar U$ 890 milhões aos espertalhões da Astra. Sem dúvida um mau negócio para a nossa maior e mais querida empresa.

Políticos de direita estão tendo verdadeiros orgasmos eleitoreiros.Desprestigiar a Petrobrás, para eles, é matar dois coelhos com uma só cajadada: primeiro é tentar impedir a (re)eleição de Dilma e, segundo, deixar as suas ações bem baixas para em uma eventual, embora remota hipótese de eleição da oposição, poder privatizá-la completando assim a obra inconclusa da privataria de FHC e companhia limitada.

Com certeza a próxima campanha eleitoral vai dar o que falar e Passadena é mais um caminho projetado pela direita para chegar à Pasárgada e voltar a ser amiga do rei.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

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Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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