Bananas para São Genaro e para as ideologias.

A sociedade se move pelas contradições que encerra em si própria, e são essas contradições que provocam as transformações que levam a humanidade a ser o que é. Vários fatores geram as contradições, o determinante é o econômico, no entanto não se pode desprezar outros, inclusive os de ordem social, religiosa, e política. A política é importante para influenciar nos avanços e recuos em nossas cidades, estados e países. É uma arte que compreende intensas articulações antes de um pleito e muita habilidade durante a campanha. Boa parte do sucesso de um candidato está na composição anterior à eleição propriamente dita. Em nosso estado a arte de fazer política pode estar sendo deturpada pelo fato de não se estar levando em conta o cunho ideológico para a composição das chapas. Em Campo Grande e Dourados, os dois maiores colégios eleitorais a situação é complexa. Em Campo Grande o PMDB foi derrotado após vinte anos de poder, no entanto o prefeito eleito, Alcides Bernal, passou por dificuldades enormes em seu início de mandato. Se Bernal caísse o estrago não seria apenas pessoal, recairia sobre o PT. Daí o esforço de Delcídio em colaborar para arrumar a casa, com o apoio inclusive de Zeca, o que evidencia que as discórdias entre as duas principais lideranças petistas no estado foram superadas, ao menos momentaneamente. Por seu lado a queda de Bernal seria vantajosa para o PMDB, especialmente para Nelsinho Trad, virtual candidato ao governo do estado. No caso de Dourados, foi constituído um imbróglio extraordinário. Após a queda de Ari Artuzi Murilo construiu um arco de alianças composto por gregos, troianos e até espartanos, quero dizer, aproveitando-se da crise política gerada pela queda de Ari, conseguiu juntar partidos teoricamente antagônicos. O PMDB de André tinha uma dívida com Murilo e o apoiou, o PT fez um pacto futurista, apoiou Murilo em troca de duas secretarias e o compromisso de que ele deixaria o DEM e se filiaria no PSD, partido teoricamente mais afinado com o PT. Essa parte Murilo cumpriu e hoje, espantosamente move-se no campo socialista. O que talvez ele não esperasse era Eduardo Campos deixar de apoiar o PT para lançar candidatura própria. Ser “socialista” sem candidatura do partido ao Palácio do Planalto é uma coisa, com Eduardo Campos cobrando fatura, querendo palanque no estado, é outra. Murilo acendeu uma vela para cada santo e agora a sua situação é esdrúxula. Teoricamente teria que apoiar Eduardo Campos, de seu partido, no entanto os compromissos assumidos, para se tornar prefeito o obrigariam a apoiar o PT para o governo e André para o senado. André havia dito que Dilma era a sua fada madrinha, mas apoiou Serra e recentemente disse que apoiará Dilma para a presidência, mas chamado à Brasília, onde a fatura foi cobrada, ou seja convidado a constituir chapa com Delcídio, saiu-se pela tangente. Menos mal para Murilo. Nessa história entra também Nelsinho Trad, ex prefeito de Campo Grande. Nelsinho apoiou Murilo para o senado nas eleições de 2012. Agora cobra a reciprocidade e nosso prefeito é colocado em sinuca de bico. Tendo que apoiar Delcídio, pois o PT pela primeira vez em sua história em Dourados, desde 1982, abriu mão de candidatura própria para apoiá-lo, mas tendo que apoiar Nelsinho pois graças ao seu apoio foi mais bem votado para o senado em Campo Grande que em Dourados, procura uma terceira via, ou seja lançar a sua candidatura ao governo. Em se concretizando essa absurda hipótese Murilo não se elegeria governador, pois o povo repudiaria sua decisão de renunciar ao mandato de prefeito, mas contribuiria com Nelsinho, afinal o ex-prefeito de Campo Grande deverá ser bem votado na capital, mas não no interior, onde Delcídio é imbatível. Dessa forma a candidatura de Murilo seria apenas para impedir a eleição de Delcídio. Particularmente não gostaria de estar no lugar do prefeito Murilo. Sou daqueles que prefere perder eleições do que acender muitas velas. Por falar em velas lembro-me de uma brincadeira sobre a imigração italiana. Diante de grande tempestade em alto mar o italiano velho ajoelhou-se e clamou por seu protetor: “São Genaro, se isso não afundar, ao chegar ao Brasil mando fazer uma vela do tamanho do mastro desse navio em sua homenagem”. O filho retrucou: “pai o mastro é muito grande”, ao que o patriarca respondeu: “cale-se, se não afundar, dou é uma banana para São Genaro”. Poderão sobrar bananas.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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