Até breve 2013: os anos não acabam, passam

 

Os anos não acabam, passam e entram para a história. No entanto, ninguém mais tem tempo de ficar guardando na memória coisas passadas, aliás, memória também é coisa do passado. A nossa memória vai se tornando um apêndice. Para que nos preocuparmos em reter coisas na memória se pelos nossos próprios óculos (Google Glass) podemos acessar, via Internet, informações do passado, presente e até do futuro, onde estivermos? Opa! Do futuro? Claro, ficaremos apenas na previsão do tempo como exemplo.

Mas, enfim, como não pega bem falar que o ano passou, dizemos que acabou. Ponto. Na verdade, os anos passam (ou acabam) porque ninguém é de ferro, temos necessidade de cortar o tempo para termos a impressão de que tudo será novo e melhor. Não duvidemos disso, Drummond já nos ensinou em seus versos que “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial // Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão // Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos // Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Não deixa de ser útil também esse corte anual que fazemos no tempo para podermos realizar o nosso balanço pessoal, o balanço das lojas, dos bancos, da cidade, estado e país onde moramos. O que fica de 2013?

Pela primeira vez o Vaticano elege um papa Sul-Americano para governar a Igreja Católica. Um papa argentino, que por conta da agenda, faz a sua primeira visita internacional ao Brasil, esbanja humildade, deixa os serviços de segurança em polvorosa e brinca conosco dizendo que o papa é argentino, mas Deus é brasileiro.

Pouco antes, em abril, as ruas brasileiras são movimentadas pelo povo que reclama do preço do transporte, mas não só, um descontentamento generalizado com o modo de vida contemporâneo faz explodir a válvula de retenção e põe em sobressalto as autoridades constituídas que não somente baixaram os preços dos transportes, mas tomaram outras providências, incluindo-se os direitos dos empregados domésticos, o fim da votação secreta, o destino para a educação e saúde dos royalties do pré-sal, só para lembrar dos mais importantes.

2013 nos trouxe também algo diferente: a divulgação da espionagem norte americana. Claro que todos sabemos que a espionagem, não somente militar, mas política e industrial existe desde muito, mas pela Internet? Era muito mais charmoso quando a espiã levava um poderoso para o hotel onde estava hospedada e depois de uns drinks acompanhados de chamegos descobria os mais bem guardados segredos de estado.  Nesse episódio a presidente Dilma e a primeira ministra alemã, Merkel, demonstraram firmeza admirável e transformaram a Cúpula dos G20, realizada na Rússia, em palco das mais profícuas discussões em relação à espionagem eletrônica.

No esporte, o Brasil, pela primeira vez em sua história, tornou-se campeão mundial de handball. Conquistamos muitas medalhas em esportes olímpicos, mas no futebol, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. A poderosa CBF faz calar a não menos poderosa Globo, por medo de perder os direitos de transmissão e o Supremo Tribunal de Justiça Esportiva transforma o Campeonato Brasileiro em mais uma vergonha, decretando no tapetão aquilo que não foi decidido em campo. O rebaixamento da Portuguesa para a Séria B e a permanência do Fluminense na Séria A deve ser impedido, mesmo que seja na Justiça Comum, para que não se concretize mais esse vergonhoso ato.

Por falar em Supremo, o nosso Supremo Tribunal de Justiça resolveu sair de sua habitual quietude para transformar as suas sessões em espetáculo mediático. Ah! É verdade. Mandou muita gente para a cadeia, no julgamento do que se convencionou chamar de Mensalão, e isso torna obrigatório o julgamento de outros processos idênticos que estão engavetados há mais de dez anos.

Além disso, a rainha Elizabeth II comemorou o sexagésimo aniversário de sua coroação, nasceu o príncipe Williams, meu pai completou 92 anos e eu, particularmente, continuo lutando para poder pagar as minhas contas.

Mas a esperança nunca morre.  2014 será muito melhor. O Brasil poderá tornar-se a quinta potência econômica mundial, os programas sociais atingiram ainda mais brasileiros, nossa seleção haverá de conquistar o hexa e nós todos haveremos de ter o necessário para mantermos a nossa saúde, nossa paz de espírito e a nossa solidariedade para com o nosso próximo. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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