Expressão indígena, Ati Guassu, significa grande encontro onde são discutidos assuntos de relevância. Recentemente Ati Guassu foi a expressão encontrada por um ruralista para referir-se ao “leilão da resistência”. Tirada à parte a ironia, o uso da expressão pode ser visto por outro viés, ou seja, um não índio busca na Língua Guarani uma expressão mais forte do que se encontraria no português para designar a reunião feita com o objetivo de arrecadar fundos para resistir a possíveis ocupações de terras pelos índios. Na verdade “leilão da resistência” pegou muito mal, por ter como objetivo formar uma milícia, o que fere as nossas leis e justamente por feri-las tinha sido proibido, o que implicaria em desobediência civil, não fosse a manobra dos organizadores em conseguir de um segundo juiz a permissão para realizar o leilão com a condição de depositar em juízo o valor arrecadado (um milhão segundo alguns, 640 mil, segundo outros).
No Ati Guassu ruralista, que trouxe para Mato Grosso do Sul, eminências muito próximas da extrema direita, como Kátia Abreu e Ronaldo Caiado, participaram cerca de mil pessoas, alguns com consciência política do ato, outros, quiçá a maioria, de consciência ingênua. Mas, em suma, o ato significou mais que a importância arrecadada, expressou a força dessa categoria em Mato Grosso do Sul. Resta saber o fim que a Justiça dará ao dinheiro arrecadado, se é que foi depositado. Sugiro que seja utilizado para a aquisição de terras ou para a construção de moradias para os índios. (seriam em torno de 8 mil alqueires ou cerca de 12.500 casas, se cada uma custar 50 mil reais). Essa seria uma forma de se buscar a paz. Resistência implica em resistência. A divisão ruralistas/índios está dividindo também a sociedade, tanto civil quanto constituída. Um juiz dá sentença favorável aos índios, outro favorável aos ruralistas, um ministro defende a FUNAI, outro critica. A mídia também se divide, e essa divisão de ideias e de ações está levando à intolerância, o que não é bom para ninguém.
Mas, se aqui em Mato Grosso do Sul, faz-se questão de demonstrar força, na África do sul, Nelson Mandela, demonstrou que se podem fazer coisas maravilhosas com paciência e bondade. Não é a toa que o seu velório está sendo dos mais espetaculares que o Planeta Terra já conheceu. O povo o reverência como a um santo, delegações de todo o Mundo chegam em Pretória, para prestar-lhe homenagem.
Perseguido pelo regime do Apartheid, prisioneiro durante 25 anos, Mandela deixou a prisão e elegeu-se presidente. Nunca retaliou, nunca perseguiu, ao contrário, promoveu a paz e o desenvolvimento da África do Sul. Mandela jogou no mesmo time de Mahatma Ghandi, de Martin Luther King Jr e de Irmã Teresa, pela tolerância. Diferenciou-se deles por ter sido presidente da África do Sul, o que o engrandece ainda mais, por ter a força do poder político.
“We Love you Madiba”, diz o cartaz erguido em meio a multidão que presenciava o cortejo fúnebre. Nós amamos você Mandela, é a síntese. A constatação de que amor se paga com amor, que só o amor constrói.
No velório estiveram oitenta chefes de Estado. Esse sim um Ati Guassu sem ironia. Seis foram escolhidos para fazer o uso da palavra, dentre eles representaram as Américas Raul Castro, Obama e Dilma (China, Índia e Namídia foram os outros). Raul, não só por ser comunista, mas porque Cuba apoiou a política contra o Apartheid desde o início, Obama não só por ser o presidente da maior potência mundial, mas também por ser negro e Dilma, não só por ter sido prisioneira política na época da Ditadura Militar e não ter retaliado ao ser presidente, mas também por ser a representante do país fora da África que possui a maior população negra e que se tornou potência mundial sem o exercício do imperialismo, mas do “soft power”, para usar uma expressão atual que significa “poder brando”, poder de interagir com outros países sem o uso da força, mas pela cooperação.
Três atos significativos desse evento chamaram a atenção: o abraço entre ex-esposa de Mandela e a viúva; a comitiva de Dilma ser composta por quatro ex-presidentes e o aperto de mão entre Obama e Raul Castro. Todos são atos que demonstram solidariedade, compreensão e paz. Todos indicando um futuro promissor
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VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
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