Para Dilma não é aconselhável jogar na defesa

 

A manifestação popular iniciada pelo Movimento Passe Livre atingiu uma dimensão que não permite a nenhum cientista político afirmar categoricamente que rumo tomará. Os cidadãos continuam firmes e ampliam o rol de reivindicações. Uma pequena rachadura da represa dos descontentamentos de longo tempo abriu uma brecha enorme e as águas vão se transformando em torrente gigantesca que tanto pode novamente transformar-se em águas calmas como pode causar intervenções de triste memória, como o golpe de 64.

Em Dourados estudantes universitários ocuparam o prédio da Câmara e estão lá, firmes e resolutos enquanto as autoridades, principalmente do executivo municipal, parecem apostar no esvaziamento pelo cansaço dos acampados. E assim é pelo Brasil inteiro, como se os prefeitos não tivessem nada a ver, vaiaram a presidente em encontro que tiveram. Os governadores, com raras exceções, calam-se. O Congresso Nacional toma medidas paliativas, dão uma demão de verniz nos sérios problemas existentes. Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais gozam os seus recessos.

Com esse quadro de lava-mãos, os movimentos conservadores e reacionários aproveitaram-se da coragem da presidente Dilma em enfrentar os problemas e conseguiram transferir-lhe a culpa de todos os nossos males. Inclusive setores alienados do próprio Partido dos Trabalhadores ameaçam um “volta Lula”, que é absolutamente negativo para o governo Dilma. A presidente Dilma foi corajosa porque ouviu a voz do povo e tomou posição imediatamente, ao contrário de prefeitos, governadores e políticos do poder legislativo. E como as reivindicações eram difusas a presidente propôs um plebiscito para esclarecer e atacar de frente as questões, inclusive com a reforma mais urgente que o país necessita: a política.

No atual estágio do movimento popular, não obstante ainda haver muita coisa a ser definida, já existem alguns pontos que vão se tornando claros e consensuais: transporte coletivo de qualidade e passe livre; redução da jornada de trabalho para 40 hs. semanais; mais verbas para saúde e educação; derrubada do fator previdenciário imposto pelo governo FHC e que reduz o salário dos aposentados: negociação com bancos para a construção de casas e financiamento de produção do MST.  Além dessas reivindicações existem outras também sérias, mas que não atingem o consenso, a exemplo do combate à inflação, reforma política e plebiscito.

Por outro lado, entram em cena os oportunistas, a exemplo de Paulinho da Força Sindical que conclama uma greve geral. Põe as cores alaranjadas de sua Força Sindical com cinco mil trabalhadores na rua e tenta induzir o povo a um “fora Dilma”. Até em nossa pacata Dourados forças reacionárias já colocam as manguinhas para fora. Cabe, no entanto a pergunta: na época de FHC os problemas que afligiam o nosso povo não eram os mesmos? Sim, eram, e até muito maiores e mais escandalosos. Então como explicar que não tenha havido uma onde de protestos dessa natureza em sua época?

Particularmente acredito que essa movimentação toda pelo Brasil afora não se deva apenas aos problemas de ordem material. Existe algo muito mais forte que sé o avanço da democracia e a tomada de consciência de que as desigualdades devem ser reduzidas. Mas, infelizmente, existe boa parte de nossa população ainda alienada, ou seja, não consegue ler o mundo em que vive ou têm apenas uma visão parcial desse mundo. Assim sendo não chega ao âmago da questão. Não percebe que existe um deus por trás disso tudo, um deus implacável, impiedoso e de uma ganância infinita chamado capitalismo.

A presidente já sofreu uma tortura muito maior na época da ditadura, agora deve ser forte e não se deixar esmorecer pelas vaias e pela queda na popularidade, mas agir como centroavante de nosso time  e continuar respeitando a voz dos cidadãos. Lembrar que já houve avanços significativos no Brasil nesses últimos dez anos e aproveitar a oportunidade em que a bola está quicando na área para fazer mais alguns gols em benefício do povo brasileiro.  Claro que a oposição quer aproveitar-se da oportunidade para voltar ao poder, mas o nosso povo deveria se perguntar: voltar ao poder para fazer o que?  Aquilo que sempre fez durante 500 anos? Para voltar ao atraso?

 

  

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Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
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