Uma entrevista: deprimente, falaciosa e desconhecedora da História

 

Sábado, dia 29, ouvindo a entrevista (repercutida hoje nos jornais) do deputado George Takimoto, sobre a saúde pública, para os radialistas Osvaldo Duarte e Palomita, da FM 92, não resisti à tentação de registrar no Facebook que o que estava se colocando no ar naquela oportunidade era uma conversa deprimente, falaciosa e mostrava total desconhecimento da história do Hospital Universitário de Dourados.

Deprimente, porque o médico George Takimoto sempre foi um profissional compete e atencioso que nunca deixou de atender aos mais necessitados que o procurassem, mas como deputado mostrou-se profundamente corporativista e pouco conhecedor dos reais problemas da saúde pública de Dourados. Chegou ao absurdo de propor a restituição do Hospital Universitário para a Prefeitura Municipal. Deprimente ainda porque sendo da base aliada da presidente Dilma, ao invés de procurar respaldo para chegar até ela e buscar soluções desrespeitou-a como autoridade pública e colocou o Conselho Nacional de Medicina como organismo superior aos poderes constituídos brasileiros.  Defendeu enfim que não se permitisse a entrada de médicos estrangeiros no Brasil, mas paradoxalmente defendeu que os diplomas de estudantes brasileiros que se formam em países vizinhos aos nossos sejam aceitos no Brasil. Deprimente enfim porque os entrevistadores deixaram de se comportar com repórteres e agiram como defensores das ideias do deputado, discordando inclusive publicamente dos ouvintes que mandaram mensagens para o programa. Pior, o radialista Osvaldo Duarte (apesar de toda a sua experiência) tomou as críticas pelo lado pessoal e pelo jeito ganhei mais um inimigo no meio mediático.

Falaciosa: Disse que a entrevista foi falaciosa porque o deputado atribui a si e ao ex-deputado Valdir Guerra a origem da Santa Casa, quando na verdade eles tiveram uma pequena participação, um tanto maior do deputado Valdir Guerra, irmão do então ministro da Saúde Alceni Guerra. Falaciosa porque sequer se lembrou que a obra ficou parada durante anos e anos devido ao desvio da verba de quase 2 milhões que o deputado Marçal Filho havia viabilizado. E ainda um dos repórteres teve a audácia de afirmar que o que Dourados queria era a Santa Casa e não o Hospital Universitário. E, ainda, escondeu-se na entrevista a grande verdade: que o HU atende somente o SUS, embora seja um Hospital Escola. Po cima de tudo bota a culpa no Tetila por ter doado a Santa Casa ao HU. Na verdade o Hospital Evangélico naquela época havia adquirido judicialmente o direito de não atender mais pelo SUS (uma aberração, por ser instituição filantrópica) e, então, com um esforço gigantesco da administração Tetila foi elaborado um plano para a Saúde Pública para Dourados que consistia em destinar o Hospital Santa Rosa para ser Hospital da Mulher, antigo Hospital Regional em Hospital de Urgência e Trauma e doar o HU para a Universidade transformá-lo em Hospital de Alta Complexidade.

Desconhecimento da História: O Hospital Universitário teve origem com a bem intencionada ação da SODOBEN – Sociedade Douradense de Beneficência – organizada pelas Lojas Maçônicas e pelos rotarianos douradenses. Com o desvio da verba acima citada, as obras foram paralisadas até que o governo Zeca as (re)iniciou em 1999, repondo com dinheiro do estado a verba que havia desaparecido vinda do governo federal.  Foi a partir daí que nasceu a ideia de transformar a Santa Casa em HU, pois nesse ano estávamos aprovando o projeto de criação do curso de Medicina para Dourados. Sucessivamente conversarmos com três presidentes da Sodoben (Laudelino, Martinho e Ricardo Demaman) para transformar a Santa Casa em HU. O Demaman após diversas reuniões com as Lojas Macônicas e Rotarys resolveu fazer a doação da Santa Casa para a Prefeitura desde que esta assumisse o compromisso de transferi-la para a Universidade.  

Quando o deputado Takimoto defende que o governo Dilma devolva o HU para a prefeitura equivoca-se em primeiro lugar porque arrebentaria com o curso de Medicina o que seria uma grande contradição do deputado, pois se ele não defende a vinda de profissionais estrangeiros, deveria defender a ampliação de cursos de medicina públicos e de boa qualidade como é o nosso, para que se formasse urgentemente um grande contingente de médicos para dar conta da demanda. E, por outro lado, ignora completamente a existência do Hospital Evangélico que, aliás, dirige também o Hospital da Vida. Diga-se de passagem que chamar um Hospital de Urgência e Trauma de Hospital da Vida é um absurdo tão grande quanto a entrevista da qual estou tratando).

O assunto seria para um livro e não para uma simples crônica cotidiana, mas não poderia deixar passar em branco essa minha crítica, mesmo porque tenho consciência de que por trás disso tudo está uma campanha acirrada para as próximos eleições dentro da UFGD e, enfim, a máxima de que cada povo tem o governo (e os deputados e senadores) que merece é mais que justa. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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